Por Joaquim
Haickel
A tônica
principal das ações e da propaganda do atual governo é apontar os equívocos
políticos e os erros administrativos das gestões anteriores, fato que temos
visto que não passa de peça de retórica eivada de preconceito e messianismo,
uma vez que os mesmos equívocos e muitos dos erros apontados são cometidos de
forma recorrente pelo chefe e pelos membros do atual governo.
A mais
recente demonstração disso é a rusga pública de dois secretários de governo se
“engalfinhando” na busca e na disputa por espaços político-eleitorais para o pleito
a deputado federal no ano que vem. Isso sem contar com os diversos membros do
governo, que de posse das canetas de suas pastas não se cansam de fazer ações
com o objetivo de se credenciar à disputa de mandatos eletivos na eleição de
2018.
As mesmas
coisas eram comuns em governos passados.
O
governador Flávio Dino elegeu a antiga casa de veraneio do estado como símbolo
da “malvadeza” de governos anteriores e resolveu que assim que assumisse iria
vendê-la. Desconhecedor da realidade do governo que iria administrar, ele
descobriu que a casa não possui nenhum documento que comprove que ela pertence
ao estado, logo não pôde se desfazer dela. Durante mais de dois anos de sua
gestão não soube o que fazer com a casa até que descobriu que o melhor que
tinha a fazer era usá-la como produto midiático, fazendo com que nela fosse
implantada uma clínica para atendimento de crianças. Algo contra o qual ninguém
poderia levantar a voz. Dito e feito! Só resta uma coisa a ser dita. Se o
governo quisesse realmente atender e beneficiar as crianças hoje atendidas
naquele local, ele teria feito isso dois anos antes, assim que assumiu o
governo e instalado a Casa Ninar em um verdadeiro hospital, local destinado a esse
fim.
No trato
da política esse governo já provou e comprovou que conseguiu superar os
anteriores em termos de arrogância e incapacidade de ouvir, digerir,
interpretar e responder a ponderações e criticas. Trata muito mal os políticos
que se antes não tinham acesso ao governo e ao governador, hoje tem uma coisa
que antes não tinham em relação a eles. Medo!
Este é um
governo para o qual todos são suspeitos de estarem fazendo alguma coisa errada
e passível de punição. Somente depois de semear esse medo, o atual governo
angaria os apoios que ostenta.
Não se
pode negar o grande preparo intelectual do atual governador. Ele é dentre os de
sua geração o mais preparado culturalmente, mas não consegue agregar a isso a
simpatia necessária e indispensável para transformá-lo em um verdadeiro líder.
Ele não possui o charme e a simpatia de Roseana, a dureza tenaz e autêntica de
João Alberto, a sensibilidade política de Lobão e muito menos a capacidade de
entendimento das conjunturas e a imensa rede de relacionamentos de Zé Sarney.
No auge
de sua capacidade intelectual e cultural, Flávio Dino, ao ler o capítulo XVII
de “O Príncipe” de Maquiavel, quando o sábio florentino nos oferece de bandeja
a opção de escolhermos entre o amor ou o medo, opta diretamente pelo medo, sem
saber que o medo pode vir a gerar o ódio, oposto ao amor. Em que pese o seu
preparo, ele desconhece que em termos de poder, o amor pode acabar por gerar
também o medo, só que um medo menos ofensivo e cruel. O medo gerado pelo amor,
aludido por Maquiavel nesta quadra de sua obra, é um medo profilático,
necessário para nos manter sadios e operantes, não é o medo do terror que os
poderosos podem exercer em seus vassalos ou opositores.
Olho para
esse governo de forma totalmente isenta e vejo algumas coisas realmente boas
que estão sendo realizadas! Vejo uma grande perda de oportunidade de realizar
mudanças verdadeiramente boas por limitação de espírito. Vejo, pelo lado bom e
pelo lado ruim, algumas coisas iguais as de antes. E o que é pior, vejo outras
muito piores que as praticadas anteriormente.
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