Uma nova variante do coronavírus foi detectada na cidade de Manaus, no Estado do Amazonas.
Cientistas de dez instituições, entre elas o Imperial College London e a Universidade de Oxford, ambas na Inglaterra, e o Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, publicaram um artigo descrevendo casos dessa nova variante, que recebeu o nome de P.1.
É esperado que, durante uma pandemia, o vírus sofra mutações conforme é transmitido de pessoa para pessoa.
O monitoramento dessas alterações no código genético ajuda a acompanhar os casos preocupantes e eventualmente tomar medidas que bloqueiem a cadeia de transmissão.
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O que chama a atenção no caso desta variante manauara é que as mudanças ocorreram nos genes que codificam a espícula, a estrutura que fica na superfície do vírus e permite que ele invada as células do nosso corpo.
Como foi feito o estudo?
A pesquisa foi publicada no site Virological.Org, um fórum de discussão que reúne as últimas informações sobre evolução viral e epidemiologia.
Os cientistas analisaram o material genético de 31 amostras de pacientes com covid-19 na cidade de Manaus. Esse material foi colhido entre os dias 15 e 23 de dezembro.
Desses, 13 indivíduos (ou 42% do total) apresentavam justamente essa nova variante.
Na variante manauara, mudanças ocorreram nos genes que codificam a espícula, a estrutura que fica na superfície do vírus e permite que ele invada as células do nosso corpo
Alguns dias antes, o Japão havia anunciado a detecção de uma nova cepa de coronavírus em pessoas que viajaram do Brasil para lá.
Tudo indica que essa mutação encontrada no país asiático seja a mesma que se originou na capital do Amazonas.
A nova variante, inclusive, pode fazer com que países de várias partes do globo bloqueiem voos vindos do Brasil.
No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson já admitiu essa possibilidade.
"Nós vamos lançar medidas extras para checar a saúde de pessoas vindas do Brasil e até impedir que pessoas venham do Brasil", admitiu Johnson.
Um anúncio oficial a respeito deste assunto é esperado por lá para os próximos dias.
Reino Unido diz estar 'tomando medidas' para se proteger de variante encontrada no Brasil
No final de dezembro, cientistas no Reino Unido identificaram uma outra mutação do coronavírus no país, segundo eles, muito mais infecciosa do que a primeira e que se espalhou rapidamente no sul da Inglaterra e País de Gales, elevando o número de casos, sobrecarregando o sistema de saúde local.
Linhagens, cepas e mutações: o que são e quando devemos nos preocupara
Limitações e perguntas sem resposta
Por mais que represente um sinal de alerta, o trabalho recém-publicado precisa ser ampliado para que todos possam entender melhor o impacto da nova linhagem na pandemia em Manaus.
A cidade, inclusive, vive uma situação dramática nas últimas semanas: os hospitais públicos e privados estão completamente lotados e os materiais de proteção e tratamento são escassos.
A curva de novos casos e de mortes não para de subir na região. Até o dia de hoje, o Estado do Amazonas contabiliza 218 mil acometidos e 5,8 mil óbitos por covid-19.
Não se sabe, no entanto, se a nova variante tem alguma influência neste cenário caótico.
Para responder a essas dúvidas, nos próximos dias os cientistas pretendem aumentar o número de amostras analisadas.
Só assim será possível entender o impacto que a nova linhagem tem em Manaus e se ela é realmente mais transmissível que as versões anteriores.
Outras cepas
Nas últimas semanas, autoridades sanitárias notificaram o aparecimento de variantes que geram preocupação em outros lugares do mundo.
A Organização Mundial da Saúde está acompanhando de perto cepas detectadas no Reino Unido e na África do Sul.
Os dados indicam que elas são mais transmissíveis que as versões anteriores.
Apesar de esses vírus não parecerem mais agressivos, o fato de eles afetarem mais gente pode ter um impacto no número de óbitos.
O que fazer?
Enquanto aguardamos mais informações a respeito das novas linhagens, as medidas de prevenção continuam as mesmas.
A recomendação é que as pessoas fiquem o máximo de tempo possível em casa e sempre usem máscaras quando precisarem sair.
Ambientes arejados e com boa circulação de ar também são muito importantes.
Lavar as mãos com frequência com água e sabão ou álcool em gel é outra medida essencial
Por Dr. Otávio Pinho Filho
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