Poeta que Canta Bacabal com o Coração
outubro 23, 2025 Bacabal, CRÕNICA, literatura, Zé Lopes No comments
Há homens que passam pela vida como quem escreve versos no vento, e há Zé Lopes, que fez do vento o próprio verso.
Hoje, Bacabal desperta em compasso de tamborim, vestida de lembranças, porque é aniversário do poeta que aprendeu a rimar alegria com resistência e amor com melancolia.
Zé Lopes é filho da cidade e pai de muitos carnavais. Nos tempos de ouro da folia bacabalense, foi ele quem bordou enredos com linhas de riso e suor, costurando fantasias na alma do povo. As ruas o conhecem pelo nome, os becos o reconhecem pelos acordes do violão.
Cada samba seu era um retrato da vida com seus amores que passam, sua política que dói, e sua esperança que insiste.
Na poesia, Zé fala como quem conversa com a lua. Mistura metáforas com cheiros de café e maresia, faz hipérboles dançarem com ironias, deixa a aliteração brincar de roda com o coração.
É poeta social quando falava do povo, e romântico quando falava das mulheres: tantas, diversas, intensas, eternas. Amou-as todas: as de carne, as de sonho e as de papel. Cada uma lhe deu um verso, um beijo, um segredo guardado na partitura da memória.
Zé Lopes tem um dom raro , o de transformar o cotidiano em música.
Um cigarro aceso vira rima; uma lágrima, melodia; um pôr do sol, ensaio geral para o próximo carnaval.
Em sua arte, tudo é matéria viva: o amor, a dor, o riso, o tempo. Ele fez da vida um refrão, desses que o povo canta sem perceber que está filosofando.
Hoje, Bacabal canta parabéns em ritmo de saudade, das "feirunhas culturas, dos largos, dos arraiais , dos imensos carnavais".
Nas esquinas, nos bares, nos blocos que ainda resistem, há sempre alguém dizendo baixinho:
“Zé Lopes não morrerá , viverá para sempre na sua música.”
E talvez seja isso mesmo.
O poeta não é parte, ele se espalha.
Nas vozes, nas lembranças, nas palavras que ainda dançam no ar.
Porque enquanto houver poesia,
Zé Lopes continuará aniversariando dentro da gente.
José Casanova
Professor, Jornalista, Escritor e Cronista
Menbro da Academia Bacabalense de Letras
Academia Mundial de Letras da Humanidade
Tutor da Academia Maranhense de Letras Infantojuvenil
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Excelente crônica, com uma simples observação: ele falava, ele era (passado)... ele fala, ele é... (presente) afinal Graças a Deus o poeta tá vivo.
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