Por Carlos Brandão
No vasto e diversificado mosaico cultural brasileiro, poucas manifestações são tão vibrantes e enraizadas quanto o Bumba Meu Boi do Maranhão. Esta expressão artística, que mescla elementos de dança, música, teatro e religiosidade, encanta e preserva a identidade única do povo maranhense.
Para nós, o Bumba Meu Boi é resultado da miscigenação de um povo, pela união das culturas branca, negra e indígena. O auto representa muito bem isso. O dono da fazenda; Pai Francisco; Catirina; vaqueiros ou caboclos de fitas; caboclo real ou de pena; índios; doutor ou pajé; padre; Dona Maria (esposa do amo); os Cazumbás (mascarados) e o miolo, responsável por guiar o boi, são os personagens de uma festa que ganhou o mundo e tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Apenas outros seis bens brasileiros foram assim reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Nos sotaques de Zabumba, Baixada, Matraca, Costa de Mão e Orquestra, os grupos de Bumba Meu Boi, com toda a sua diversidade, representam a preservação da identidade e cultura regionais, e ganharam espaço entre turistas de todas as partes. Com eles, nossas festas juninas são um importante atrativo que movimenta a nossa economia. Hotéis, restaurantes, artesanato e serviços relacionados ao turismo são beneficiados pela grande quantidade de visitantes que vêm de todos os cantos do Brasil e do mundo para vivenciar essa manifestação cultural única.
Por tudo que envolve a nossa maior manifestação cultural, ainda quando era deputado federal, consegui aprovar o projeto que criou o Dia Nacional do Bumba Meu Boi. A ideia foi aprovada pelo Congresso e sancionada pela Presidência da República, sob a Lei n° 12.103/2009, e significa o reconhecimento da importância dessa manifestação popular para a cultura brasileira, a qual, antes mesmo de se tornar reconhecida mundialmente, já era considerada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como “Patrimônio Cultural do Brasil”. Então, 30 de junho, também Dia de São Marçal, passou a ser dedicado à festa que respeita a diversidade de ritmos e que encanta por seu enredo, coreografia e belas toadas que contam histórias e conquistam.
Estamos vivendo o maior São João já realizado em nosso estado, atraindo cerca de 250 mil visitantes e disponibilizando mais de 700 atrações ao público. E nas centenas de arraiais que se espalham por todo o Maranhão, a lenda do vaqueiro de uma fazenda que vê a mulher grávida ter desejo de comer a língua de um boi – mais especificamente o boi estimado do fazendeiro – segue sendo a grande atração. E, certamente, continuará sendo. Afinal, além de seu valor artístico e cultural, o Bumba Meu Boi desempenha um papel fundamental na coesão social das comunidades maranhenses.
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