terça-feira, 19 de agosto de 2025

POESIA - CONDENAÇÃO - POR ABEL CARVALHO

 

CONDENAÇÃO 

Recém saído da puérpera solidão da embriaguez decido:

Aceito as penas que me são impostas

Não recorrerei da minha condenação

Serei sacro,

Nunca santo,

Recebo o clausuro que me impuseram.


Claustro e disforme vomitarei as brenhas do tempo.


Se me vergastarem,

Receberei o meu açoite.


Natibundo engulo o celibato que me amealha,

Sucumbo ao esterco dos desejos de Onam.


Se me admoestam,

Afago os sonhos, que são muitos,

Com o desdém da quiromania do passado


Não choro, não retrocedo, apenas multiplico,

Estendo a ti a minha sentença


Seremos comparsas coniventes da tua imposição, tu juiz,

Eu réu, sem direito a absolvição.


Abel Carvalho


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