quarta-feira, 20 de agosto de 2025

POESIA - POEMA LIVRE - POR FLAVIO XAVIER

 


POEMA LIVRE


Tu és um poema feito em curvas como um rio 

Cujas sinuosidades fazem o navegador 

Perder a direção e precipitar-se. 

Neste poema não cabem rimas, 

A liberdade é a sua regra áurea. 

O único hermetismo desta epopeia 

É a conjunção perfeita: beleza e inteligência. 

Sagacidade e perspicácia formam tua essência. 

O conteúdo é o seu bem maior 

Elevando-te em contraste ao derredor. 

Diante da tua imagem tatuada em minha mente 

Quedo-me pensativo e vago alhures e silente, 

Onde estarás agora, o que fazes, em que pensas? 

Oh distância e tempo, como vós sois cruéis comigo! 


O veludo da tua pele ainda acaricia as minhas 

Ásperas, atrevidas e insinuantes mãos, na busca

De entender a tua geografia cheia de relevos.

Meu olfato ainda está impregnada do teu perfume 

Como uma marca indelével. O perfume de que falo 

É o teu perfume, aquele que a sábia natureza te deu.

O meu paladar ainda sente o teu gosto, o sal tua pele. 

Minh’alma segue aflita, inquieta a clamar por ti.

Não me abandones, não te percas de mim, serei o que quiseres. 

Tu és a um só tempo a calma do córrego Quebra-anzol, 

A sobriedade do rio Ínsono e a fúria do rio Mearim em 

Época de cheias. Melhor, és a soma de tudo isso e me 

Arrasta neste aluvião, nesta correnteza bravia.

Deixo-me levar sem resistência, com prazer e alegria, 

Sem os temores e sem a culpa que antes me afligia. 


Flávio Xavier 


Brasília, 19/02/2015

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