quarta-feira, 1 de outubro de 2025

COM A PALAVRA - POR FLAVIO XAVIER

 

Em 2018 um amigo meu, parceiro na criação do SARAU da AABB-DF que tocamos por longos cinco anos, completou 70 anos. A temática da festa era de Árabe e o nome era MIR e uma noites. Todos os convidados foram vestidos com traje das arabias, eu inclusive fui de sheik. O nome dele é Luiz Jorge Mir, o turco, como ele gosta de ser chamado. Eu escrevi um texto para homenageá-lo, tendo por tema a canção do Renato Teixeira e Almir Sater, Tocando em Frente. Eu resgatei este texto e vou utilizá-lo para mim mesmo, visto que chegou a vez deu completar os 70. Vamos ao texto:


Ando devagar porque já tive pressa mas os anos me ensinaram a ver a essência das coisas e delas tirar o melhor, isso só é possível com vagar, com tempo, com contemplação. Levo esse sorriso porque já chorei demais e aprendi que carregar mágoas e rancores nos faz morrer mais cedo, enodoa indelevelmente o coração. Perdoar é essencial, nos liberta para seguir em frente. Hoje me sinto mais forte e esta fortaleza vem de saber que, apesar do fulgor da juventude ter-se afastado de mim, desenvolvi habilidades outras que me permitem resistir às intempéries e aos infortúnios e ainda sair com mais vigor. Aprende-se com os anos que cumprir a vida é compreender a marcha e ir tocando em frente, percorrendo essa longa estrada. Amar todos os dias e buscar ser amado. Construir a sua história e procurar ser feliz. Hoje ousaria dizer que sou mais feliz, quem sabe? Talvez porque seja mais livre para fazer as minhas escolhas, tomar as minhas decisões com mais maturidade e sem a pressão de plantar para colher no futuro. Meu futuro é hoje! Apesar de toda a experiência de vida, só levo a certeza de que muito pouco sei ou nada sei, estou sempre aberto a novas descobertas, novas tentativas. Quero experimentar sempre, quero aprender sempre. A vida nos ensina a conhecer as manhas, os atalhos. Esse aprendizado nos mostra como fazer as coisas evitando cometer erros que o arroubo da juventude não nos permitia enxergar. As manhãs de todos os dias passam a ser presentes ansiados, apreciados e saboreadas com se fossem deliciosas maçãs. É preciso amor para que a vida tenha sentido e a vontade de sobreviver persista. O amor é o que há de mais puro e sutil e é indispensável pra poder pulsar. É preciso paz pra poder sorrir e manter a quietude do espírito e o sossego do coração.

Flávio Xavier

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