Nota: Quem a primeira vista ler o título acima pode imaginar que eu
extrapolo, pode imaginar que eu esteja querendo aparecer ao mandar uma missiva
ao homem que poderá vir a ser o futuro presidente da republica! Mas não se
trata disso! Eu convivi durante quatro anos com Michel, quando juntos fomos
deputados federais constituintes, entre 1987 e 1991.
Não construímos uma grande e sólida amizade, mas mantivemos uma estreita
convivência quando fizemos parte da mesma comissão, a de direitos e garantias
individuais.
Certa vez, quando representei a Câmara dos Deputados em viagem oficial à
China, enquanto era relator do projeto que pretendia estabelecer no Brasil a
pena de morte, foi Michel Temer que na condição de sub-relator da matéria,
durante a minha ausência, substituiu-me por quinze dias, na direção das
audiências públicas sobre o assunto.
Dito isso, passo à carta.
Caro amigo Michel,
Não nos vemos faz muito tempo e espero que apesar da grande pressão pela
qual você vem passando, esta lhe encontre bem e com saúde.
Tive o prazer de conviver com você e com amigos da estatura de Artur da
Távola, Guilherme Palmeira, Florestan Fernandes, Nelson Jobim, Renan Calheiros,
Henrique Eduardo Alves e António Mariz, apenas para citar alguns. Naquela
ocasião eu era o quarto mais jovem deputado da constituinte, só tendo mais
jovens que eu, o Aécio, a Rita e o Cássio, e tive de vocês, mais experientes,
toda a simpatia e todo o carinho necessário para realizar ali, o meu pequenino
trabalho.
Comecei na política como deputado estadual em 1982 e depois de 32 anos
resolvi que era hora de parar e não mais exercer mandatos ou cargos políticos.
Agora me dedico exclusivamente à literatura, ao cinema e ao trabalho em uma
fundação com finalidade cultural e educativa.
Apesar disso, amigo Temer, não consigo deixar de participar,
indiretamente, dos debates sobre as coisas da política, não consigo deixar de
ouvir e de falar sobre as coisas que acredito serem importantes para nosso
país, e é por isso que me atrevo a enviar-lhe essa carta, para pedir-lhe uma
única coisa, nada para mim, nada sobre política paroquial, mas no sentido de
reforçar a ideia que eu tenho certeza que é sua desde sempre: Faça o melhor que
você puder pelo nosso país!
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