quarta-feira, 25 de março de 2015

LULA SOBE O TOM E COBRA DE DILMA MUDANÇAS NO GOVERNO



Dilma Rousseff e Lula: relação com o ex-presidente também passa por uma crise

A relação entre Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff parece ter chegado ao seu pior momento. Em uma conversa na semana passada, o tom do ex-presidente e padrinho político da petista foi de broncas e cobranças. 

Segundo a coluna de Raymundo Costa, do jornal Valor Econômico, enquanto estavam a sós, Lula teria elevado a voz para Dilma mais de uma vez - e as pessoas que aguardavam para a reunião que ocorreria logo em seguida teriam ouvido tudo.

De acordo com o colunista, o ex-presidente teria deixado claro que não irá mais a Brasília conversar com Dilma se ela não fizer as mudanças necessárias no governo. Esta teria sido a primeira vez que Lula levantou a voz para Dilma.

Lula teria falado também sobre a necessidade de mudanças na equipe política, incluindo substituir Aloizio Mercadante na Casa Civil por Jaques Wagner, atual ministro da Defesa. O ex-presidente também teria cobrado a designação de um papel especial para o vice-presidente Michel Temer, do PMDB.

A bronca sobrou para a atuação de Dilma também. Lula teria dito que a presidente precisa dialogar mais, pois o Brasil é um país muito complexo e não poderia ter uma governante que não exercite a boa prática do diálogo.

Lula tem razão em estar impaciente. Afinal, a crise política e econômica enfrentada por Dilma já começa a afetar também a imagem do ex-presidente. Segundo pesquisa Datafolha feita após os protestos do dia 15 de março, 67,9% dos brasileiros consideram que Lula tem culpa no caso de corrupção na Petrobras. 

Além disso, levantamentos internos do PT apontam que o partido perderia seu posto de campeão do voto de legenda se as eleições fossem disputadas hoje. Segundo a pesquisa, a sigla conseguiria 10% dos votos de legenda - nas últimas duas décadas e meia, essa porcentagem ficou em torno de 30%.

Respostas

Nesta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff comunicou Lula e o partido que está disposta a mudar as medidas provisórias 664 e 665, que restringem a concessão de benefícios trabalhistas e são parte do ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

A sinalização de Dilma é vista com otimismo pelo partido que considera o ajuste fiscal o principal motivo de desgaste da presidente neste segundo mandato. As medidas afastaram o governo do PT de movimentos historicamente ligados ao partido. 

Lula também faz parte dessa negociação. Na noite de ontem, o ex-presidente se reuniu com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, com o senador Paulo Paim (PT-RS), e com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, em São Paulo.

A preocupação de Lula é evitar que aliados tradicionais do PT abandonem a base de apoio ao governo caso se não haja uma mudança significativa no projeto. 

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