terça-feira, 24 de junho de 2025

POESIA - POIS AQUILO SE CHAMAVA DE NOITE DE SÃO JOAO- POR ZÉ LOPES

 

POIS AQUILO SE CHAMAVA

DE NOITE DE SAO JOÃO 

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Agora veio a lembrança 

Um junho de anos atrás

Coisas que não voltam mais

Dos meus tempos de criança 

A linda menina de trança 

Fazendo revolução 

Com uma flor vermelha na mão 

A molecada  babava

Pois aquilo se chamava

De Noite de SãoJoão


Com seu vestido de chita

Quem a ver, vibra, delira

A rainha caipira

De todas a mais bonita

Seus dois lacinhos de fita

Enchem os olhos de paixão

Como um foguete, um rojão 

Que ao céu iluminava

Pois aquilo se chamava

De Noite de São Joao. 


O que era uma quadrilha

Hoje se chama junina

Não empolga, não anima

Não alegra, não rebrilha

Não é mais a maravilha

Que balançava o sertão 

Fazendo tremer o chão 

Enquanto serpenteava

Pois aquilo se chamava

De noite de São João 


As chamas de uma fogueira

Iluminava o terreiro

No calor desse braseiro

Mandioca e macaxeira

A sanfona forrozeira

Toca xaxado e Baião 

No meio da animação 

A promessa se pagava

Pois aquilo se chamava

De Noite de São João. 


Dança boizinho de palha

Da cabeça de Mamão 

Vai subindo n'um balão 

A luz que no céu se espalha

A bombinha que não falha

A panela de Quentão 

A cachaça com limão 

O frio logo esquentava

Pois aquilo se chamava

De Noite de São João


Ruminando esta saudade

Inventaram outra estrutura

Não existe mais doçura 

Na nova realidade

Mas pra dor que me invade

Não existe medicação 

Me consome a sensação 

Que a festança me levava

Pois aquilo se chamava

De Noite de São João


Zé Lopes 


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