É ISSO QUE EU VOU FAZER
QUANDO A VELHICE CHEGAR
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Vou viver de nostalgia
Disco antigo e radinho
Da prosa no cantinho
E cochilo todo dia
Contar piada vadia
Só pra descontrair o ar
E se alguém reclamar
Fico surdo por prazer
É isso que eu vou fazer
Quando a velhice chegar!
.
Nas festas, vou reclamar
Do som alto, cachaçada
E fugir da criançada
Que não para de gritar
Na praça, vou passear
Com meu passo devagar
E se alguém me apressar
Finjo que não vou ceder
É isso que eu vou fazer
Quando a velhice chegar!
.
Lembrar do velho balcão
Com memória falhando,
E minha visão sujando
Quebro copo no fogão
Vou falar, sem mais razão
E dar risada ao lembrar
Das promessas de casar,
E rir, só pra me entreter
É isso que eu vou fazer
Quando a velhice chegar
.
Já li muito folhetim
Na varanda de manhã
Com chá de hortelã
E bolacha de amendoim
Vi o tempo ser ruim
Mas aprendi a escutar
Hoje só quero lembrar
Sem precisar me doer
É isso que eu vou fazer
Quando a velhice chegar
.
Sei que vou "ficar" calado
Na cadeira de balanço
Quem sabe até o cansaço
Me fazer dormir sentado
Com o paletó desbotado
E cabelo a esbranquiçar
Vou teimar em não parar
Mesmo sem poder correr
É isso que eu vou fazer
Quando a velhice chegar!
.
Vou viver de lembranças
Com meu boné e bengala
Escutar a voz que embala
Dizendo: que bela "pança".
No banco da esperança
Vou sentar e descansar
E se alguém quiser falar
Vou fingir não perceber
É isso que eu vou fazer
Quando a velhice chegar!
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Poeta e compositor
Paul Getty
membro da APL - Academia Pedreirense de Letras


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