Candidato do PRTB nega homofobia
e acusa OAB de ser antidemocrático por defender sua cassação
Atualizado
às 16h10
O
candidato do PRTB à Presidência, Levy Fidelix, afirmou nesta terça-feira, 30,
em entrevista ao Estado que "não corre do pau" e que continua
mantendo a posição sobre o casamento gay, defendida por ele durante o debate
realizado pela TV Record no domingo. Fidelix disse que se sente perseguido
pelas instituições que o processaram pelas declarações homofóbicas feitas no
debate. O candidato disse ter recebido mensagem de solidariedade do deputado
Jair Bolsonaro (PP), conhecido por também ser contrário ao apoio de causas do
movimento gay.
"Eu
não corro do pau. A minha posição é a mesma, não é nada de homofobia. Ao
contrário, defendo a posição do pai, da mãe, da família tradicional. E nem por
isso é discriminação. Discriminação é o que fazem comigo, me chamar de nanico.
Não me dão os espaços que preciso e mereço", afirmou o candidato do PRTB.
Após
ouvir a pergunta da candidata Luciana Genro (PSOL), Levy afirmou: "Jogo
pesado esse aí agora. Nesse, jamais eu poderia entrar". "Aparelho
excretor não reproduz", afirmou, causando indignação em alguns integrantes
da plateia. "Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui escorado
porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos", disse ainda
o candidato.
Fidelix
disse também que as entidades que moveram ações contra ele por causa das
declarações homofobias são pagas com dinheiro público. Acusou também o
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Coelho, de
instrumentalizar o órgão que, segundo disse, deveria ser imparcial e não
posturas antidemocráticas. A Comissão Especial de Diversidade Sexual da OAB
protocolou nessa segunda na Procuradoria-Geral Eleitoral e no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) um pedido requerendo a cassação da candidatura de Fidelix. A
entidade pediu ainda direito de resposta.
"Acho
que ele (Marcus Vinicius Coelho) está instrumentalizando o órgão que deveria
ser imparcial e não assumir uma postura contra a democracia. Ele está
defendo um segmento que está se sentindo ofendido e está tentando me
emparedar", afirmou.
"Estou
defendendo a legitimidade de expressão. Eu não concordo com a questão
homoafetiva. Ainda mais com essa forma a que eles se propõem, de fazer isso em
público. Essas demonstrações de carinho poderiam ser feitas na intimidade. Eu
sou a favor dos bons costumes e da família tradicional. Não estou com
agressividade nenhuma. Jamais discriminei alguém".
Fidelix
afirmou ainda que está sendo perseguido pelas instituições.
A
Ouvidoria de Direitos Humanos, ligada à Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência, vai apresentar nesta terça ao Ministério Público Federal denúncia
coletiva sob acusação de incitação ao ódio e discriminação por orientação
sexual e identidade de gênero. O PSOL e o PV anunciaram que também vão recorrer
à Justiça, alegando que houve incitação ao ódio.
O
presidenciável disse que seus adversários estão fazendo uso eleitoral do tema
para angariar votos, servindo-se de Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV)
de exemplo.
"A
Luciana (Genro) quanto o Eduardo (Jorge) querem fazer voto. Eles querem o
aborto, querem a maconha. São posições diametralmente opostas às minhas, mas
que vou defender. Eu não estou atacando ninguém", afirmou. "Eles
(Luciana e Eduardo Jorge) estão provocando as condições de heterofobia. Não
pode. Do mesmo jeito que eu estou fazendo homofobia. E eu não estou. Eu não
estou fazendo apologia dos heteros. Obedeçam as leis: vocês ficam para lá e eu
fico para cá."
Nessa
segunda, Fidelix disse ter sido procurado por Bolsonaro e pelo pastor Silas
Malafaia, figura também polêmica pelas declarações contra as minorias. Ambos,
segundo o candidato do PRTB, telefonaram para manifestar solidariedade a
Fidelix.
Processo.
Fidelix passou o dia sem sair do seu comitê, localizado no bairro Moema, em São
Paulo. Ele ressaltou por diversas vezes que não é contra os gays e que,
inclusive, já teve funcionários homossexuais. "Eu já tive aqui no partido
um rapaz que tinha essa 'característica'. Dei carinho, afeto e nunca deixei
fazerem bullying com ele", disse. "Ninguém escutou nenhuma palavra
minha dizendo: vamos bater, agredir os gays. Sou contra isso e defendo respeito
para todos. Quem incitou isso foi a Luciana Genro", acusou.
O
candidato do PRTB disse que já se reuniu com seus advogados e pretende
processar a Luciana Genro pelas injúrias cometidas contra o seu nome. "Vou
processar a Luciana Genro, o PSOL pela injúria que está cometendo e pela
apologia às drogas. A melhor defesa é o ataque. E eu vou pro ataque",
afirmou.
Quando
perguntando sobre o que ele faria se o seu filho ou algum membro fosse
homossexual, Fidelix se manteve em silêncio e, no fim, se limitou a dizer:
"Esse assunto está esgotado pra mim. Não quero mais pensar sobre
isso".
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