quarta-feira, 25 de setembro de 2013



          O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta terça-feira (24) a possibilidade de que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), dispute a Presidência em 2014 contra a petista Dilma Rousseff.

"Se não der para a gente estar junto, o que precisamos é fazer uma campanha civilizada em que a gente possa estar junto no segundo turno."

Ele disse no entanto que "trabalhava e continua trabalhando" com a perspectiva de aliança entre os dois partidos.

Lula falou a veículos ligados a sindicatos, na sede de seu instituto, em São Paulo. Esta foi a segunda grande entrevista do ex-presidente desde que ele deixou o Planalto, em 2010.

Na semana passada, o PSB -aliado do PT desde 1989- anunciou seu desembarque do governo federal, dando o primeiro passo concreto para a candidatura presidencial de Campos no ano que vem.

Lula disse que a manutenção da aliança é "muito importante do ponto de vista simbólico" e que viu com "certa tristeza" o afastamento de Campos da base aliada. Disse, no entanto,que prefere "esperar março para dizer se ele vai ser candidato ou não".

No final da entrevista, Lula disse que "está voltando com muita vontade, com muita disposição". "Para felicidade de alguns, para desgraça de outros, é o seguinte: eu estou no jogo", afirmou.

Ele disse que seu papel na campanha de 2014 "será o que a Dilma quiser que seja" e que participará das articulações de sua candidatura com "orientação da presidenta ou do partido". "Fora isso, uma coisa que sei fazer, e espero estar em condições, é pedir voto. Eu me considero razoável de palanque."

Ele disse, no entanto, acreditar que hoje Dilma precisa de seu apoio "menos do que precisava em 2010". "Mas será o mesmo esforço. A vitória da Dilma é minha vitoria."

Sobre o mensalão, Lula pediu que "compreendessem o direito" dele de só falar "com mais vontade" ao final do julgamento. "Qualquer que seja o resultado, eu vou ter muita coisa para falar."

O Supremo Tribunal Federal concluiu que o mensalão foi um esquema ilegal de financiamento político organizado pelo PT para corromper congressistas e garantir apoio ao governo no Congresso em 2003 e 2004, logo após a chegada de Lula ao poder.

"Eu tenho juízo de valores. Estou com cócega na garganta muito grande para falar coisas que eu penso, que eu imagino que aconteceu. Eu muitas vezes tenho acompanhado o julgamento, tenho ouvido os ministros falarem, você vê que alguns têm preocupação de estudar [o caso], outros não têm."

Ele disse que prefere não se manifestar agora porque indicou parte dos ministros que compõem o STF e não quer "ficar colocando em dúvida as coisas da Suprema Corte, ficar colocando em xeque o voto de nenhuma pessoa".

O ex-presidente criticou também a cobertura do caso. "Alguns companheiros já foram condenados pela imprensa. Se dependesse de setores da imprensa, até pena de morte valeria para alguns."

O ex-presidente afirmou ainda que os meios de comunicação têm um "pensamento único" contra o governo.

"Muita coisa evoluiu no Brasil, mas os meios de comunicação não quiseram evoluir. Saíram de um momento de pensamento único em defesa do governo anterior ao nosso, e passaram a um pensamento único contrário. Até hoje continua assim."


Nenhum comentário:

Postar um comentário