O CORPO
Visto a lembrança com a dura capa da saudade
Encarno em mim mesmo o tempo
Véu de sofrimentos
O corpo treme de desejos sem esperanças
Rompo o lacre do passado e vejo a tênue imagem
Do teu corpo
Ouço o sibilar dos teus pedidos
Mistura de prazer e dor sem sentido
Escárnio do desejo incontido
Do coito interrompido
Sem final
Sem fim
Ainda sinto o cheiro do gozo que não veio
E que eu queria
Tanto queria
Mas nunca cheguei a ter
Nem chegarei
E ti pedi
Apenas sonho de olhos abertos
Vez que não durmo
Como se tudo hoje fosse
O suor
Teus olhos cerrados
Teu choro ensandecendo meu coração vorazmente
Tuas pupilas mortas e quebrantadas
Meu corpo inerte a te dar repouso
Em um tempo e final que nunca foi meu
Abel Carvalho


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