O Janeiro
Branco é uma campanha, ainda nova, que merece muita atenção. A campanha
objetiva mobilizar a sociedade em favor da saúde mental, mudando a compreensão
cercada de tabus sobre a saúde mental e promovendo mais possibilidade de saúde
mental a todos os indivíduos e a sociedade como um todo.
JANEIRO
BRANCO
O Janeiro
Branco é uma campanha que pretende mobilizar a sociedade em favor da saúde
mental. O assunto ainda é pouco discutido pela sociedade e ainda há muito tabu
em volta do tema. É preciso compreendermos o conceito de saúde mental de forma
ampliada, como um estado de equilíbrio que proporciona bem-estar ao indivíduo e
a sociedade como um todo. Com essa ideia em mente, o Janeiro Branco pretende
colocar o tema da saúde mental ao máximo em evidência durante esse primeiro mês
do ano, fazendo com que as pessoas reflitam, discutam e atualizem suas ideias
sobre o que é a saúde mental na verdade.
Temos um
número que cresce cada vez mais de casos de depressão, ansiedade, fobias,
pânico e até agressividade e desrespeito. Isso mostra que as pessoas precisam
começar a cuidar também de aspectos mentais e emocionais de sua vida. Por isso, pretendemos falar muito sobre o assunto durante esse mês e
esclarecer todas as dúvidas que vocês possam vir a ter.
A campanha ainda é nova, começou
em 2014 em Minas Gerais. Já em 2014 foram realizadas em Uberlândia palestras em
diversos espaços da cidade e uma ampla divulgação do tema online.
Hoje a
campanha já conta com colaboradores em diversas cidades do Brasil e cada ano
mais pessoas aderem e ajudam na campanha. Em muitas cidades é possível
participar de palestras ou mesas de debate sobre o assunto.
POR QUE
JANEIRO E POR QUE BRANCO?
O mês de
janeiro foi escolhido a dedo para a campanha. Por alguns motivos. O primeiro é
que em janeiro, as pessoas têm a sensação de um novo começo, novos planos e
novo estilo de vida. Os criadores da campanha quiseram aproveitar esse clima
para que as pessoas comecem o ano pensando também em sua saúde mental. Além
disso, muitas pessoas passam pela melancolia de fim de ano, e janeiro é um
momento em que muitas pessoas estão fragilizadas por isso, sendo esse o momento
ideal para buscar ajuda profissional e começar a cuidar da mente.
Já a cor
branca representa o quadro em branco, o papel em branco, no qual escreveremos
ou desenharemos uma nova história da saúde mental, sem os tabus e preconceitos
que a cercam.
SAÚDE
MENTAL E TABU
A
campanha se mostra de extrema importância não só no âmbito individual, que
seria a possibilidade de as pessoas cuidarem de sua saúde mental e seu
emocional, mas num sentido mais amplo também.
Infelizmente,
a saúde mental ainda é cercada de muito tabu. A maioria das pessoas acha que ir
ao psicólogo é “coisa de louco”. Isso é herança de uma cultura antiga e
ultrapassada de higienização, onde se tirava tudo aquilo que incomodava na
sociedade e isolava em manicômios. Assim, o “louco”, era visto como inferior,
sem cura, que devia ser isolado e afastado para não incomodar os saudáveis.
Junto com essa fama desrespeitosa, a compressão do trabalho do psicólogo também
se inferiorizou, começou-se a acreditar que essa era a profissão que cuidava só
dos loucos, aqueles que deviam ficar isolados.
Bom, hoje
a coisa avançou muito e o tratamento da chamada “loucura” é muito mais avançado
e humanizado, há ações no sentido de inserção na sociedade e não mais o
contrário. Hoje, há a compreensão que o psicólogo cuida de saúde mental, da
nossa parte emocional, e esse lado emocional, todos nós temos. O Psicólogo
cuida daquilo que mais negligenciamos o tempo todo, aquilo que faz com que nos
sintamos bem ou mal. Por isso, precisamos falar sobre saúde mental, precisamos
desconstruir essa ideia de que a pessoa ir ao psicólogo significa que é louca,
que precisa ter vergonha disso. Buscar ajuda psicológica não significa perder o
controle de sua vida, pelo contrário, significa manter-se no controle,
significa compreender que a situação te fragiliza e buscar formas de lidar com
isso.
Quando
falamos em saúde do corpo, todos aceitam o cuidado preventivo. Faz sentido
cuidar do corpo para que ele não sofra e adoeça, não é mesmo? Para não
“ficarmos na mão” no futuro. Mas, e da mente? Por que a mente só recebe
cuidados quando a coisa já está “no fundo no poço”? Quando fazemos exercício
para promover saúde ao nosso corpo, colocamos um bom tênis, para que nem o
nosso joelho sofra com o impacto. Mas e o impacto diário em nossa vida
emocional? O estresse, os problemas financeiros, familiares, as inseguranças,
os medos? Por que não podemos vestir algo para amortecer esses impactos em
nossa vida também? Parece mais do que justo que cuidemos daquilo que controla
todo o nosso corpo, pois o corpo pode estar bem, mas se a cabeça vai mal, tudo
vai mal.
Esse tabu
de achar que a psicoterapia é coisa para loucos acaba afastando as pessoas de
buscar ajuda psicológica, afasta-as da possibilidade de saúde mental. Quem de
nós nunca ouviu alguém dizer que “não precisa” de psicólogo? Como se dissesse
“eu ainda estou no controle, não preciso de alguém para dirigir minha vida”.
Mas não é isso! Em uma sociedade que cada vez mais coisifica as pessoas e suas
ações, todos nós precisamos nos compreender e compreender a forma como lidamos
e reagimos ao mundo. Devemos promover saúde mental a cada um de nós e assim,
conseguiremos uma sociedade mais saudável e consequentemente mais segura e
agradável.
Nesse
mês, falemos sobre psicologia, psiquiatria, saúde mental e emocional, para que
muitos possam compreender essa ideia e se beneficiar de um acompanhamento
adequado. Vamos mostrar que quem cuida da mente, cuida da vida!
Por Dr. Otávio Pinho Filho
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