quinta-feira, 15 de maio de 2025

COM A PALAVRA - CINE IDEAL, CINE KENNEDY - POR VALMIRO COLIBRI

 

Estórias de Bacabal...anos 70..

Cine Ideal...Cine Kennedy...1ª parte..!


As  diversões da juventude bacabalense na década de 70,  além dos banhos de rio, peladas, bailes nos clubes União, Icaraí e Vanguarda, namoros  na praça Santa Teresinha, esfrega esfrega no Beco da Bosta, era sem dúvida um bom filme no Cine Ideal ou Cine Kennedy principalmente nas tardes de domingo.. No início era apenas o Ideal, da família SEBA e que passava somente filmes de bang-bang (americano e italiano) e raramente um pornô. Foi um escândalo quando surgiu o filme japonês O Império dos Sentidos e depois os de Briggite Bardot. Claro que era proibido para menores de 21 anos, mas os pais (mãe principalmente) declararam guerra ao Ideal. Tudo porque, no lançamento de um filme, o narigudo Zé de Deus, (um dos donos do cinema) tinha um fusquinha com um som encima e ele próprio com um microfone n'uma mão e dirigindo com a outra (havia uns dez carros em Bacabal) fazia o maior estardalhaço pelas ruas da cidade antecipando a sinopse do mesmo. Nos de sexo então..até o bispo Dom Pascasio (à época) o chamou no saco. No anúncio dos filmes de faroeste ele dava um show. Parava o fusca nas esquinas e um cassete ao fundo com barulho de tiros, gritos e tudo mais, ele gritava: é hoooje e VOCÊ não PODE PERDER.. e narrava parte do mesmo deixando a garotada embevecida e doida pra ir assistir. Era um grande 'marketeiro'. À noite ele tava lá na portaria, recebendo a todos com um largo sorriso.

Tinha também uma 'VOZ' no próprio cinema, que anunciava a programação da casa e  noticias fúnebres, sociais e políticas. No Ideal, eram exibidos em média três filmes por semana. Eu era fã dos de faroeste. Assisti a todos do RINGO, onde adorava o duelo final de Giullianno Gema (moçinho) e Fernando Sanches, eterno bandidão, os de DJANGO com Franco Nero e Sartana.  Nos lançamentos lotava e por conta disso tinha várias sessões e ninguém queria ficar de fora da primeira, os ingressos eram vendidos antecipados.(um luxo) dizer: já assisti..! Gostaria de relembrar aqui, quando no auge de um filme A FITA QUEBRAVA e era um deus-nos-acuda, com gritarias, xingamentos, bate bate nas cadeiras de madeiras e  sob protestos, as luzes eram acesas e Zé de Deus ou o César apareciam ameaçando botar pra fora quem bagunçasse, (estratégia pra ganhar tempo) enquanto a fita era remendada. Quando voltava ao 'normal' e a cena na hora do pane tivesse ficado pra trás, era nova gritaria de "LADRAO" e assovios até que depois de nova parada tudo normalizasse. Teve ocasião da fita quebrar até três vezes durante o filme. Um show!

Tinha uma paradinha pro lanche onde vc saboreava uma pipoca, pirulito, alfinim (um doce que grudava no céu da boca), bala extramit (refrescar e um bom hálito), dimdim, etc...O CINE IDEAL era único, até que foi inaugurado com toda pompa o CINE TEATRO KENNEDY...uma nova etapa que vamos ver depois...

Valmiro Colibri 


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