sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

RAIMUNDINHO - UM LOUCO EM NOME DA ARTE - RETROSPECTIVA




Raimundinho
     Se Deus fez o homem a partir do barro, sua cria deixou discípulos e, em particular, um deles que, com alguns traços, criava rostos, corpos, paisagens numa perfeição que dá para refletir se... ninguém é mesmo insubstituível?. Pelas mãos da criatura, a criação, a obra de arte, os dedos, a voz, a inspiração, a poesia, a letra, a melodia, a harmonia, o violão, a canção em si, traduzida em beleza.


Adjetivos à parte, esse menino representou, e representou muito bem, o sentimento de toda sua geração e até hoje suas obras ilustram paredes pelo mundo, sua música é tocada por artistas renomados, sua voz é sempre ouvida nas gravações que deixou, seu nome é sempre alvo das discussões mais salutares e sua lembrança é a parte mais viva de toda essa história. Nascido em Ipixuna, hoje São Luis Gonzaga, ele foi batizado com o nome de Raimundo Nonato Campos Lima, que usou apenas para assinar alguns documentos já que era conhecido simplesmente como


Ray Lima ou Raimundinho. Menino levado, desde muito pequeno já dava traços de uma vida levada a traços, era a atração principal do circo da meninada e naturalmente amava a natureza. Primeiro filho de dona Maria Campos e Seu André, que vieram do Rio Grande do Norte, mais precisamente da cidade de Martins para Ipixuna e logo em seguida mudaram para Bacabal. ele era irmão de Rita de Cássia, Francisco,  Joaquim Neto, Ana e André, o popular Louro, dono do Bar mais comentado da Litorânea.

Raimundinho foi parte, ou melhor, é parte  fundamental da cultura bacabalense. Ele era artista plástico nato, tocava muito bem seu violão, tinha uma belíssima voz, era um excelente compositor, poeta e fez parte das coletâneas “Nossa Voz” e  “Nossa Voz II” junto com Marcus Maranhão, Marco Boa Fé, Perboire Ribeiro, Assis Viola e Zé Lopes, discos dirigido pelo jornalista Abel Carvalho. Raimundinho também participou do movimento musical com os mesmos artistas para o projeto que deu origem ao Boi Bacaba, onde tem uma parceria com  Marcus Maranhão, Marco Boa Fé, Assis Viola, Abel Carvalho, Louremar Fernandes e Zé Lopes, a toda ”A India”, gravada por Zé Lopes no CD “Aos Brincantes”..Amante de cantorias, ele tinha como ídolos os cantores Xangai e Elomar, dos quais dominava o repertório.Raimundinho casou-se a primeira vez com Liliane com quem teve uma filha, a belíssima Shelida. com a segunda esposa, Lena, teve um casal, Isabela e Ítalo, duas pessoas dotadas do mais alto QI, tendo Ìtalo herdado o dom da música.

Certa vez, eu, Waltinho Carioca e Ana, sua irmã, passávamos um domingo na casa de praia de uma amiga no Araçagy e quando falamos dele, Ana começou a chorar pois ele tinha se jogado no mundo e ninguém sabia de noticias. Para amenizar seu sofrimento, disse que tinha ouvido de alguém que ele estava vindo e que eu levaria ele para casa. Providências de Deus, dias depois,  estava eu no centro da cidade, na Fonte do Ribeirão quando fui chamado e ao olhar para trás era o próprio que me falou que estava vindo de São Paulo e que já estava retornando, e pasmem, a pé. Liguei para Waltinho que levou-o para casa. Daí, ele permaneceu entre nós por uns tempos, sempre com a mesma alegria, com o mesmo carinho.

Foi morar em Bacabal por opção e recebeu o carinho de todos e por motivo de
saúde retornou a capital onde precocemente nos deixou, subindo para regar os jardins dos céu, pintar e cantar as canções que acalentam Deus. Raimundinho era o louco mais lúcido que já passou por essa terra e a sua arte ficará pra sempre assim como a sua lembrança que nos enche de saudades e emoção. Raimundinho era mesmo um louco, um louco em nome da arte e toda essa loucura foi perdoada para todos os seculos e seculos sem fim. Amém.

Raimundinho, Serrão e Otávio Filho


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