Quando Bacabal vivia a verdadeira cultura, principalmente a musical, anualmente
o Lions Club fazia o tão famoso FIC, Festival Intermunicipal da Canção. Com
esse frisson, alguns cantores/compositores começaram a mostrar seus trabalhos e
liderados pelo jornalista, poeta e compositor Abel Carvalho, seis deles
começaram a fazer gravações – totalmente sem qualidade técnica, mas de um
enorme valor cultural – e veicular na recém-instalada Rádio Mirante FM,
sob regência do empresário Hidalgo Neto.
A coisa foi tomando forma e um
movimento tomou conta da cidade e nasceu o grupo de pagode “Os Lamas”,
presidido por Antônio Carlos e Milton (em memória) e Assis Viola, Perboire Ribeiro, Zé Lopes, Marco Boa Fé, Marcus Maranhão e Raimundinho, numa
roda de “Caninha da Roça” com abacaxi, se dividiram em três duplas e fizeram
quatro shows durante um mês, no Skorpions Bar, propriedade de Zé Lago e
Rosemary, para angariar dinheiro pra fazer o saudoso “Boi Bacaba”, coordenado
por Fran Cruz com direção de Louremar Fernandes. Os shows que aconteciam todas
as sextas, deram tão certo que virou febre, superlotando a casa, sempre com
fechamento do grupo “Os Lamas”e despertou interesses. Considerado como o
principal movimento musical de Bacabal, o “Nossa Voz”
ganhou asas e com o acentuado vôo, necessitou de uma produção mais
apurada, totalmente profissional, foi quando o, na época deputado estadual,
Clodomir Filho, com todas as dificuldades, levou para São Luis os
artistas Assis Viola, Perboire Ribeiro, Zé Lopes, Marco Boa Fé, Marcus
Maranhão e Raimundinho para a gravação do antológico vinil “Nossa Voz”
Escreveu Abel Carvalho – Tudo
começou com Brasilino Miranda, compondo o que ele mesmo chamava de batucadas,
quase sempre em homenagem às musas da época de seu mais fértil destempero
poético. As homenageadas eram, invariavelmente Nancy, Dulcinéia, Zenaide,
Adelaide e madian, essas três últimas também musas de Vadoca ... Depois disso
muitos grandes nomes apareceram , Zé Jardim, Chico das Molas, compositores
insofismáveis, Zeneide e Josa, intérpretes imbatíveis, que, em companhia
de outros grandes nomes, realizaram disputas maravilhosas ao longo dos anos em
sucessivos Festivais da Música Popular Bacabalense . Mais recentemente novos
nomes surgiram, entre eles R. Cavalcante, Beny Carvalho, Galego, o Grupo
Regional “Os Lamas”, Otávio Filho, Osvaldino Pinho, Cledy Maciel, Antônio
Perboire, Zé Lopes, Raimundinho, Marco Boa Fé, Assis Viola, Marcus Maranhão,
Laurindo e muitos outros que proporcionarão novas e maravilhosas disputas nos
festivais da MPB sob a regência do mesmo maestro dos anos anteriores, o velho
Tchacka. Isso foi escrito há vinte anos atrás e com o desaparecimento
apenas de Laurindo, a música de bacabal continua mesma, nada ou, quase nada,
renovou.
Com o sucesso do Vinil “Nossa Voz” e
com o poder de organização de Abel Carvalho, o sexteto saiu em busca de novos
horizontes e gravou o segundo vinil, o “Nossa Voz II” que conseguiu com que
cada um deles, coresse para uma carreira solo. Dois anos mais tarde, com a
ausência de Raimundinho, que foi substituído por Davi Faray, o mesmo time
gravou o primeiro CD intitulado de “Nós” e logo em seguida o vinil “Nossa Voz”
foi compilado para CD e parou por aí. Várias tentativas de se fazer um novo
trabalho com os artistas já foram feitas, mas por vaidade, desconfiança e até
por medo de alguns, a voz do “Nossa Voz” silenciou.
O poeta Paulo Campos escreveu: Enquanto
existir um só homem, existirá a sua luta, seu sonho, seu ideal. Sentimentos que
acrescidos de convicção e garra, tem o poder de tornar realidade., do ilusório
ao imaginário. “Nossa Voz” é o primeiro filho nascido da luta de pessoas que
acreditam que lutar é sempre preciso e, romperam as noites, construíram
sonhos a procura de um sol maior. Ébrio constante da Mesa de Bar, “Nossa Voz”
conta um pouco da história do movimento, da luta incansável, dos momentos de
dor e prazer.
Quando anos atrás nos foi dada a
árdua tarefa 3e reconstruir o movimento cultural, nós estávamos assumindo um
compromisso conosco mesmo e com o nosso povo. Daí então, foram anos e anos de
trabalho e dedicação. Superamos os preconceitos, vencemos os desafios e
mostramos para aqueles que usam o poder para perseguir e manipular, que ideal
se constrói com sonhos, luta. Paixão e vontade.
Que esse disco intitulado “Nossa
Voz”, fruto maior do projeto Mesa de Bar, seja um ponto de partida para novas
conquistas e que também sirva para uma reflexão mais profunda da nossa própria
cultura.
Só que essa reflexão não foi feita e
dos sete compositores que viveram aquela época, um morreu e os outros seis,
levam a vida misturando música com outros afazeres para a sobrevivência. O
certo é que ainda dá para mostrar para todos, que aquele esforço de vinte anos
atrás, se não mudou muita coisa a cara da cultura musical bacabalense, pelo
menos é lembrada com silêncio.
Há um projeto em andamento, encabeçado por Zé Lopes, mas que não teve apoio por parte dos outros componentes, em relançar em CD duplo, os três álbuns.
São vinte anos
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