TÚ NÃO TEM CORAÇÃO
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Bar do Lôro era lotado
Duma galera ispiciá
Todo dia era visitado
Por agentes da federá.
Com olhar de birrento
Diz pro garçom pirento:
-Prú favor, póde arriá!
Ele bótava confiado
Os cara era bem bacana
Nem siqué fala fiado
Pagava só na grana,
Isbanjavam a fulote
Nunca deram um calote
Nos bar da Litorana!
Num dia de domingo
Um sordado de puliça
Cunvidô o amigo gringo
E uns grandes da miliça
Prá beber no bar do Lôro
E cumer a pêso di ouro
Tôdo tipo de diliça.
Só lagosta e caldeirada
Dava para um batalhão
Fora filé de pescada
Caranguêjo e camarão
O gringo sem mardade
Óiava di bôa vontade
Rango sair pelo ladrão.
O gringo comeu, bebeu
Farriô o dia intêro,
Cum sutaque de oropeu
Botou pra fora, foi o Euro.
E Lôro na dita butuca
Disse:-carma aí Filuca
Dêxa a conta prú istrangêro.
No acêrto da dispesa
Fizeram um coperamento
Butaram logo na mesa
A quantia di quinhento.
Mêrmo em partes iguais
A vaquinha foi dimais
A conta só deu trezento!
Vendo o dinhêro na mesa
Filuca mostrou talento,
Embolsô cum ligereza,
A grana du coperamento
Disse inté qui pagaria
Só num dava a garantia
O mês do pagamento.
O sordado chéi do mé
Lotadim com toda "razão”
Gritô: - me traga o papé
Da conta pendura, irmão!
Batendo a mão no peito
Lôro oiando prú sujeito
Disse:-tú num tem coração!
@poetapaulgetty


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