JOSÉ ORLANDO
(A Terra Deve Ouvir Seus Filhos)
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Mesmo sendo JOSÉ ORLANDO, filho legítimo de Pedreiras-MA, há um silêncio que sangra. Não é ausência qualquer — é silêncio de rádio desligado, de canções que não tocam, de ondas sonoras que passam ao largo da própria origem. É o silêncio dos microfones que não dizem ao povo que aquela voz marcante e eterna nasceu ali, no mesmo chão que ensinou tanta gente a sonhar antes mesmo de saber cantar.
Falta dizer. Falta repetir. Falta gravar na memória coletiva que JOSÉ ORLANDO não é apenas um cantor popular: é nome que permanece, compositor de marcas profundas, obra feita de sentimento, tempo e verdade.
Ele nasceu em Pedreiras-MA, à beira de um rio que corre como quem sabe música, levando saudade nas margens e canto no leito. Ainda menino, já carregava a bagagem invisível dos destinados à canção. Aos quinze anos, a vida o levou para Fortaleza. Parecia mudança. Era destino.
Sua grandeza não deve nada aos maiores. JOSÉ ORLANDO tem a estatura de JOÃO DO VALE, feito do mesmo barro poético que transforma dor em canto e ausência em melodia. Ainda assim, sua terra natal lhe oferece pouco eco. E isso dói. Porque ele merecia mais memória e reverência — não por favor, mas por justiça. Sua obra não pede aplauso fácil: pede lugar na história.
JOSÉ ORLANDO não apenas canta — narra a alma humana. Conta histórias de amor ferido, de saudades sem endereço, de quem parte levando metade do coração e de quem fica esperando o resto voltar. Suas canções ensinam a dor a virar compaixão e o amor a chamar baixinho.
Ao lado de ALÍPIO MARTINS, escreveu páginas que não envelhecem. Não escreveu apenas sucessos — escreveu sentimentos. E sentimentos verdadeiros sobrevivem ao silêncio.
Ainda assim, JOSÉ ORLANDO é maior que o descaso. Sua música resiste, como rio que continua correndo mesmo quando ninguém olha, chamando baixinho — psiu — à espera de quem escute. Porque há vozes que não pedem aplauso. Pedem permanência.
Pedem lembrança.
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A poesia e a voz de JOSÉ ORLANDO —
essa — já é eterna.
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Paul Getty S. Nascimento
poeta, compositor, cronista e membro da APL – Academia Pedreirense de Letras


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