Passada a eleição, o
PSB, o PPS e o Solidariedade vão começar a discutir a partir de hoje uma fusão
que pode resultar no terceiro maior partido da Câmara, com 59 parlamentares. A
nova legenda faria oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff e teria como
principal objetivo viabilizar uma alternativa política no país à polarização
entre PT e PSDB.
O PSB elegeu 34
deputados, o Solidariedade, 15, e o PPS, 10. O PT terá a maior bancada na nova
Legislatura, com 70 representantes. O PMDB ficará com 66 no próximo ano. A
terceira maior bancada, por enquanto, é do PSDB, com 54 deputados.
Há um entrave, porém,
para as negociações: a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe
deputados de outros partidos de migrarem para legendas oriundas de uma fusão.
Pela súmula em vigor, somente parlamentar das siglas que se fundiram poderiam
mudar de agremiação sem colocarem em risco seus mandatos.
A vitória de Dilma
Rousseff, na avaliação do deputado Júlio Delgado, da Executiva do PSB, favorece
o projeto de fusão, que já vinha sendo discutido desde o fim do primeiro turno.
— Numa análise
preliminar, digo que o resultado da eleição, do jeito que aconteceu, fortalece
a tese da fusão diante da necessidade de surgimento de uma nova força política
por conta da divisão do país.
O presidente do PSB,
Carlos Siqueira, afirma que as negociações, por enquanto, se dão apenas com o
PPS.
— É tudo muito
inicial ainda.
O presidente do PPS,
Roberto Freire, acredita que as regras do TSE podem ser um empecilho.
— Uma alternativa
intermediária seria formar um bloco na Câmara — afirmou Freire.
Já o presidente do
Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, disse que a fusão
começará a ser discutida na reunião de hoje dos partidos de oposição no
Congresso.
Com uma bancada
eleita de 22 deputados, o DEM também avalia fusão com outras legendas. Segundo
o prefeito de Salvador, ACM Neto, a possibilidade de se unir ao PSDB está
descartada.
— Estamos iniciando a
discussão interna, não há pressa, teremos o tempo necessário para avaliar o
cenário e amadurecer a questão. Mas é preciso o partido se movimentar para que
ele tenha uma perspectiva de crescimento. O que temos, por enquanto, são
algumas premissas, vamos manter um agrupamento de oposição, é preciso
identidade de projeto e não vamos nos juntar com qualquer um.
O presidente do
partido, senador Agripino Maia, afirmou que uma reunião ainda será marcada para
“avaliar melhor os rumos” do DEM. Se as eleições de 2014 revelaram uma oposição
fortalecida tanto na disputa presidencial quanto no Congresso, o mesmo não se
pode dizer em relação ao principal partido conservador do país: o DEM. Na
eleição de 2010, a legenda, que vem perdendo força desde que o PT chegou ao
poder, em 2003, elegeu dois governadores, Raimundo Colombo, em Santa Catarina,
e Rosalba Ciarlini, no Rio Grande do Norte. Na Câmara, haviam sido eleitos 43
deputados federais e reeleitos dois senadores, ampliando para quatro a bancada
do Senado. Quatro anos depois, o partido, que tem origem na Arena e na década
de 90 rivalizava com o PMDB como elemento de sustentação do governo Fernando
Henrique Cardoso, não conseguiu eleger nenhum governador e viu minguar para 22
sua bancada na Câmara. No Senado, terá, em 2015, cinco senadores, tendo como
principal reforço o do ex-deputado, eleito senador, Ronaldo Caiado (GO).
Segundo o líder do
DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), embora tenha eleito 43 deputados em 2010,
no meio deste mandato, o partido perdeu 17 deputados para o novato PSD, o que
fez com que sua bancada fosse reduzida a 27 deputados. Para Mendonça Filho, do
ponto de vista numérico, a atuação do DEM no próximo Congresso será parecida
com a da atual legislatura.
— O cenário é de
extrema pulverização na Casa e, embora numericamente menor, somos 22 em uma
representação de 28 partidos. Para oposição, onde estaremos em relação ao atual
governo, é melhor seis partidos do que dois ou três, a fragmentação é boa. A
capacidade de obstrução das votações é maior, podemos fazer mais discursos _
disse o líder do DEM, acrescentando:
— No Senado, somos
cinco senadores. Um número bom.
DILMA DIZ QUE NÃO
DEIXARÁ PEDRA SOBRE PEDRA
A
presidente Dilma Rousseff (PT) voltou a dizer que deseja que todas as denúncias
de corrupção sobre o suposto esquema de corrupção na Petrobras sejam
investigadas.
"Eu farei o
possível para colocar as claras o que aconteceu neste caso da Petrobras e em
qualquer outro que apareça", disse Dilma em entrevista ao Jornal Nacional
um dia depois de ter conquistado a reeleição na disputa mais acirrada desde a
redemocratização do país.
"Não vou deixar
pedra sobre pedra, vou investigar."
Segundo denúncias do
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, um suposto esquema de sobrepreços
de contratos da estatal serviria para alimentar partidos e políticos da base de
sustentação do governo.
Dilma disse também
que as novas medidas econômicas para estimular o crescimento econômico serão
debatidas com os diversos setores e serão adotadas a partir de novembro.