domingo, 30 de junho de 2013

PORQUE NOSSA SICA NÃO TOCA NAS RÁDIOS.

          Certa vez, o cantor e compositor Daffé teceu o seguinte comentário: “A ponte do Estreito dos Mosquitos rachou de tanto a música maranhense bater e voltar”. Se levarmos para o lado metafórico, até que é engraçado, dá para rir, mas se levarmos para o lado sentimental, faz todo sentido. Houve um tempo, há poucos anos atrás, que ligávamos o radio e entre uma música mineira e uma americana, ouvíamos Papete, Beto Pereira, Josias Sobrinho, Chico Saldanha, Tião Carvalho, Zé Lopes, Célia Leite, Omar Cutrim, Tutuca, Cesar Nascimento, Mano Borges, Djalma Chaves, Santacruz, Rosa Reis, Erasmo Dibel, Carlinhos Veloz, Gerude, dentre outros que fizeram parte de uma geração da “quase” ascensão daquela que ficou convencionalmente conhecida como MPM, Música Popular Maranhense, como se o Maranhão não fizesse parte do Brasil.
Sob o comando de músicos como Oberdan Oliveira, Walber, Pitomba, Zé Américo, Eliézio e Camilo Mariano, a banda “Nonato e Seu Conjunto”, deu a largada para um Maranhão musical, mas que pelo talento dos tocadores, foram obrigados a procurar plagas maiores e assim determinaram o fim do ciclo. Alcione é outra coisa e continua firme sem deixar o samba morrer.
          Desde a institucionalização do famigerado “jabá”, a nossa nova música foi ficando pelo caminho, os nossos artistas no anonimato e seus CDs nas prateleiras das rádios e o axé baiano, o forró eletrônico cearense, o samba melado paulista e agora o sertanejo universitário, sustentam programadores, locutores, produtores e proprietários de rádios e televisões. O maranhense tem uma boa música, mas não tem nada na carteira.
         Em uma entrevista para um grande jornal de Brasília, quando indagado sobre a música baiana e a musica cearense, o cantor Zé Lopes falou: “Eles fazem a pior música do Brasil, só que eles sabem vender. Eu não me preocupo com a musica deles, eles já acontecem por si, eu me preocupo é com a nossa música”.  E é realmente preocupante a situação de nossas produções. O estado lembra de alguns de nossos artistas em dois períodos, carnaval e São João e as nossas emissoras desconhecem nossos valores, salvo a Rádio Universidade que tem uma hora diária destinada a musica “dita” maranhense, mas que nesse espaço, rola todo tipo de comercial, de promoções e até um quadro de literatura nacional que toma um quarto do tempo. Pelo menos dá para ouvir quatro ou cinco musicas dos apadrinhados.
OS ÚLTIMOS HITS
Se refletirmos com exatidão e vermos o que é que se vem fazendo para que as produções maranhenses caíam na graça popular, veremos que nada. A nossa música, que não deixa nada a desejar as musicas produzidas no sul do país, não toca nas nossas rádios, mesmo aquelas que são produzidas no sul e por produtores renomados como Mazola, Hilton Assunção, Zé Américo e Zeca Baleiro.
     
     Entre belas produções, podemos citar os CDs  de Mano  Borges, Manu Bantu, Flávia Bitencourt, Papete, Beto Pereira, Josias Sobrinho, Tião Carvalho, Santacruz, Criolina e Chico Saldanha. Os únicos maranhenses que viveram uma época de ouro, e até receberam discos de ouro pela excelente vendagem, foram Lairtom dos  Teclados e Tom Cleber. O primeiro caiu no esquecimento, já o Tom, ainda consegue levar um publico razoável para as suas apresentações, mas, mesmo assim, longe do que foi há anos atrás.
Se retrocedermos ao tempo, veremos que as únicas músicas que conseguiram virar sucesso dentro do cancioneiro popular maranhense, foram as toadas “Se não existisse o sol” de autoria de Zé Inaldo na interpretação de Chagas no Boi da Maioba e “ Esqueça” de autoria de Oberdan Oliveira e Zé Raimundo Gonçalves, na voz de Vovô no Boi Pirilampo, isso há anos atrás, e é muito pouco para uma capital, ou melhor, para um estado que respira música, esbanja ritmos, e tem na voz dos seus cantores e cantadores, todo tipo de adjetivo qualificativo, aveludado pelo verbo interpretar .
BATENDO O MARTELO


      
  Quando Antônio Carlos Magalhães assumiu o Governo da Bahia, foi logo pressionado pelos artistas para que seus trabalhos tocassem nas rádios. Foi feita uma reunião com  ACM e os diretores e proprietários das rádios e tudo continuou como estava, as musicas continuavam sem tocar, então o governador mandou um recado:”-Digam aos donos das rádios que eu não estou pedindo, eu estou mandando tocar as musicas baianas”. Daí foi a explosão e a Bahia carnavalisou o Brasil.

          Desgarrados, Zeca Baleiro, Rita Ribeiro e Tribo de Jah, conseguiram um lugar de destaque e Flavia Bitencourt e o paulista Alê Muniz e Luciana Simões e o seu  premiado Criolina, correm por fora. Falta uma política por parte do governo junto às secretarias de cultura, educação e turismo para o levante da auto- estima da nossa enriquepobrecida música, é só isso, pois boas produções nós temos. Em uma conversa em que um artista falou que disco era cultura, o cantor e compositor Pelé Fontenelle, rebateu: “   Disco é redondo, cultura é outra coisa”.

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