COMO ESTÃO SENDO NOTICIADOS OS FATOS POLICIAIS?
Por Louremar
Fernandes
É um fato corriqueiro a prisão, por policiais militares, de
indivíduos que portam arma de fogo e de outros que, embalados pela empolgação
etílica, resolve fazer disparos para cima.
Por corriqueiro que seja, é um comportamento extremamente
perigoso. No final de semana mais uma pessoa foi presa nessas circunstâncias.
Talvez o fato não se tornasse tão discutido na cidade de Bacabal não fosse o
transgressor, filho do apresentador de TV José Ribamar Gomes. O popular Jota
Erre, é assessor do deputado federal Zé Vieira Lins. É o porta-voz do deputado
em um programa exibido na TV Mearim, de propriedade do parlamentar.
Segundo release distribuído pela Polícia Militar, o jovem
Alexsandro Alberto, 21 anos, foi preso na madrugada do dia 18, por volta das
5h30. A prisão se deu depois
de informações que chegaram até a central de operações da PM dando conta de que
no bairro Santos Dumont, Bairro Santos Dumont, uma pessoa estaria armada,
com sintomas de embriaguês alcoólica, efetuado disparos em via pública, colocando
em risco a vida de transeuntes. Em poder do mesmo a PM encontrou um revólver,
calibre .32, com capacidade para 06 (seis) tiros, com 05 (cinco) munições
intactas e 01 (uma) deflagrada. No momento da abordagem Alexandro, dirigia um
Celta, preto, ano 2005, de placas HSF 1677, de Campo Grande- MS, licenciado em
nome de Ana Helena S. Matos Castelo Branco. Alexsandro não apresentou
documentos da arma e tampouco do veículo.
É um tapa na cara quem mesmo?
Os comentários sobre a prisão se dão justamente em torno de como o
apresentador Jota Erre deve noticiar o fato. Copiador inveterado do
apresentador Datena, ele costuma usar os mesmos jargões em seu programa para
noticiar os fatos policiais da região. Expressões como “isso é um tapa na cara
da sociedade” e “é preciso restabelecer a ordem”, são usadas repetidamente.
Ao divulgar o trabalho da polícia, prisões das mais variadas,
pelos mais variados delitos, são noticiadas e os presos exibidos à exaustão. Em
alguns casos até com tons de sarcasmo por parte dos repórteres e pelo
apresentador. A conduta mereceu até uma reprimenda da Procuradora da República
no Maranhão em (releia)
Quando a notícia acontece dentro de casa
A prisão do filho do apresentador Jota Erre não é o que de mais
grave acontece no meio policial. Mas é grave. Contudo, é um jovem bem criado
que errou como tantos jovens erram. Os pais não podem ser culpados pelos
erros dos filhos. Precisam ter a serenidade necessária e humildade para uma
reflexão ajustada dentro dos limites familiares.
Mas será que os profissionais de imprensa se colocam no lugar dos
pais e mães de outros tantos jovens que são flagrados em erro e conduzidos para
a delegacia? Este é o xis da questão. Que tipo de informação e sob quais
critérios éticos está se produzindo a informação para levar até a casa dos
bacabalenses? E se cada um profissional questionasse ao seu âmago: como
eu procederia se fosse o meu filho numa situação dessas, como eu gostaria que
ele fosse noticiado? Desta vez foi.
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