PROFANO
Altera a rota de todos os
sentidos
Essa insônia a que me apego
É como a escuridão nos olhos
de um cego
E o bafo fétido dos bêbados
amanhecidos.
Grita o silencio além dos
meus ouvidos
Súbito à morte, resisto, não
me entrego
Quebro a vidraça e ali mesmo
eu pego
Gazes e mercúrio para os egos
feridos.
Perfura a carne aberta o aço
cirúrgico
Ímpios e profanos num ato
litúrgico
Zombam e desdenham da coisa
sagrada.
Irão cair na terra de joelhos
E as lágrimas caídas dos seus
olhos vermelhos
Servirão de guia à última
chamada.
Do livro "Céu de Estanho" de Zé Lopes
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