quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

FILANTROPIA EM CAUSA PRÓPRIA






Vendo que cada vez que subia em um ônibus, por muitas vezes sempre subiam vários membros de entidades filantrópicas, casas de apoio, de passagem, de recuperação a viciados em drogas, pedintes, pessoas com papeizinhos dizendo ser surdo-mudo, desempregado, doente e por aí vai. 

O que mais me chamou a atenção foi o fato de há uns dez anos atrás, um casal pedir dinheiro, mostrando uma foto, para comprar leite especial para uma criança chamada Gabrielzinho com o discurso de que no programa Bandeira 2,  havia denunciado que tinha uma pessoa pedindo dinheiro em nome de Gabrielzinho. 

Depois de todo esse tempo, vi no ônibus, em dois percursos diferentes, de manhã o homem e à tarde a mulher, com o mesmo discurso.

Menos ainda, mas merecendo comentário, uma senhora em um sábado pela manhã, pedia dinheiro para voltar para Coroatá e levar seu filho que tinha se recuperado do uso de drogas, e um mês depois a encontrei em outro ônibus pedindo dinheiro para o mesmo fim.

Pegava todos os dias um ônibus para ir ao meu trabalho e, como um toque de mágica, na volta, sempre subia um rapaz, visivelmente bêbado, dizendo que tinha sido roubado e que foi pedir dinheiro para voltar para casa e acabou por apanhar, isso fora os vendedores de bala, os palhaços, os que mostram receitas, caixas vazias de remédios, os cegos, que por sinal, estão sempre guiados por uma adolescente grávida e até músicos que cantam tocando violão e vendendo seus CDs.

Cheio de canetas, pulseiras, cartões, adesivos, grafites, cadernetas e outros muitos souvenires, resolvi ao longo desse ano, fazer de uma caixa de uísque, um cofre que eu chamei de vale tudo, colocava moedas de 5, 10, 25 e 50 centavos e comprei um porquinho que coloquei moedas de 1 real e cédulas de 2, 5, 10 e 20 reais. O resultado foi um décimo terceiro salário bem gordo que deu para pagar as dívidas de fim de ano e me garante um feliz réveillon. 

Continuo dando esmolas, ajudando entidades, mas, baseado no sucesso dessa empreitada, eu como não sou besta, já comprei outro porco, e dessa vez, um porcão.




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