SÃO PAULO - Texto publicado ontem, terça-feira, 7,
no Facebook do PT nacional classifica o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), como "tolo", "playboy mimado" e como
candidato "sem projeto, sem conteúdo e sem compostura política" para
disputar a Presidência da República neste ano.
O artigo, sem assinatura e intitulado "A
Balada de Eduardo Campos", traz diversas críticas ao provável adversário
da presidente Dilma Rousseff desde o seu rompimento com o governo federal em
setembro até a sua aliança com a ex-ministra Marina Silva, selada em maio do
ano passado.
"Ao descartar a aliança com o PT e vender a
alma à oposição em troca de uma probabilidade distante - a de ser presidente da
República -, Campos rifou não apenas sua credibilidade política, mas se
mostrou, antes de tudo, um tolo", diz o texto.
Setores do PT tentaram demover Campos da ideia de
ser candidato em 2014 sob o argumento de que ele poderia vir a ser o candidato
do bloco em 2018, quando Dilma já não poderá mais se reeleger.
"Campos poderia ser grato a tudo isso e, mais
à frente, com maturidade e honestidade política, tornar-se o sucessor de um
projeto político voltado para o coletivo, e não para o próprio umbigo".
A nota também evoca o avô de Campos, Miguel Arraes,
ex-líder comunista e ex-governador de Pernambuco, já falecido, para criticar o
presidente do PSB. "O velho Miguel Arraes faz bem em já não estar entre
nós, porque, ainda estivesse, morreria de desgosto".
Nela também consta do argumento que o governador de
Pernambuco é o "resultado" de uma série de medidas tomadas pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente Dilma Rousseff entre
as quais a decisão de levar para Pernambuco a refinaria Abreu e Lima, a
transposição do Rio São Francisco, a Transnordestina é o estaleiro Atlântico
Sul.
O texto diz ainda que "Campos recebeu 30
bilhões de reais do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do qual a
presidenta Dilma Rousseff foi a principal idealizadora e gestora". O PT
afirma ainda que, ao decidir ser candidato, Campos acreditou na "mesma
mídia que, até então, o tratava como um playboy mimado pelo
"lulo-petismo".
Mais tarde, o líder do PSB na Câmara dos Deputados,
Beto Albuquerque rebateu no Twitter o texto apócrifo publicado pelo PT.
"Patética, desrespeitosa e desqualificada a
nota do PT com ataques pessoais a @eduardocampos40.Este nível de debate não
encontrará eco no PSB", escreveu o parlamentar.
"Cadê o sucesso do Fernando Haddad (o poste do
PT/Lula em São Paulo)?", provocou Albuquerque.
Marina. O PT também não poupa a ex-ministra Marina
Silva, filiada ao PSB em maio e quem deve ser vice de Campos na disputa
presidencial. Segundo o texto, Marina é "vaidosa" e se constitui num
"ovo de serpente" no "ninho Pernambucano.
"Vaidosa e certa, como Campos, de que é a
escolhida, Marina virou uma pedra no sapato do governador de Pernambuco, do PSB
e da triste mídia reacionária que em torno da dupla pensou em montar uma
cidadela", anota a redação apócrifa. "Como até os tubarões de Boa
Viagem sabem que o objetivo de Marina é se viabilizar como cabeça da chapa
presidencial pretendia pelo PSB, é bem capaz que o governador esteja pensando
com frequência na enrascada em que se meteu".
A assessoria de imprensa da presidência do PT
informou que o texto não é de autoria do presidente do partido, Rui Falcão, mas
disse não saber quem o escreveu, nem se é uma manifestação oficial do PT.
Procuradas, a assessorias de Eduardo Campos e
Marina Silva não se manifestaram até a publicação desta reportagem.
Veja o texto na íntegra:
A BALADA DE EDUARDO
CAMPOS
Por um momento,
desses que enchem os incautos de certezas, o governador Eduardo Campos, de
Pernambuco, achou que era, enfim, o escolhido.
Beneficiário
singular da boa vontade dos governos do PT, de quem se colocou, desde o governo
Lula, como aliado preferencial, Campos transformou sua perspectiva de poder em
desespero eleitoral, no fim do ano passado.
Estimulado pelos
cães de guarda da mídia, decidiu que era hora de se apresentar como candidato a
presidente da República – sem projeto, sem conteúdo e, agora se sabe, sem
compostura política.
O velho Miguel
Arraes, avô de Eduardo Campos, faz bem em já não estar entre nós, porque, ainda
estivesse, morreria de desgosto.
E não se trata
sequer da questão ideológica, já que a travessia da esquerda para a direita é
uma espécie de doença infantil entre certa categoria de políticos brasileiros,
um sarampo do oportunismo nacional. Não é isso.
Ao descartar a
aliança com o PT e vender a alma à oposição em troca de uma probabilidade
distante – a de ser presidente da República –, Campos rifou não apenas sua
credibilidade política, mas se mostrou, antes de tudo, um tolo.
Acreditou na mesma
mídia que, até então, o tratava como um playboy mimado pelo
"lulo-petismo", essa expressão também infantilóide criada sob
encomenda nas redações da imprensa brasileira.
Em meio ao
entusiasmo, Campos foi levado a colocar dentro de seu ninho pernambucano o ovo
da serpente chamado Marina Silva, este fenômeno da política nacional que,
curiosamente, despreza a política fazendo o que de pior se faz em política:
praticando o adesismo puro e simples.
Vaidosa e certa,
como Campos, de que é a escolhida, Marina virou uma pedra no sapato do
governador de Pernambuco, do PSB e da triste mídia reacionária que em torno da
dupla pensou em montar uma cidadela.
Como até os
tubarões de Boa Viagem sabem que o objetivo de Marina é se viabilizar como
cabeça da chapa presidencial pretendia pelo PSB, é bem capaz que o governador
esteja pensando com frequência na enrascada em que se meteu.
Eduardo Campos é o
resultado de uma série de medidas que incluem a disposição de Lula em levar
para Pernambuco a Refinaria Abreu e Lima, em parceria com a Venezuela, depois
de uma luta de mais de 50 anos. Sem falar nas obras da transposição do Rio São
Francisco e a Transnordestina. Ou do Estaleiro Atlântico Sul, fonte de empregos
e prestígio que Campos usou tão bem em suas estratégias eleitorais
Pernambuco recebeu 30
bilhões de reais do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do qual a
presidenta Dilma Rousseff foi a principal idealizadora e gestora.
O estado também
ganhou sete escolas técnicas federais, além de cinco campi da Universidade
Federal Rural construídos para melhorar a vida do estudante do interior.
Eduardo Campos
cresceu, politicamente, graças à expansão de programas como Projovem, Samu,
Bolsa Família, Luz para Todos, Enem, ProUni e Sisu. Sem falar no Pronasci, que
contribuiu para a diminuição da criminalidade no estado, por muito tempo um dos
mais violentos do País.
Campos poderia ser
grato a tudo isso e, mais à frente, com maturidade e honestidade política,
tornar-se o sucessor de um projeto político voltado para o coletivo, e não para
o próprio umbigo.
Arrisca-se, agora,
a ser lembrado por ter mantido entre seus quadros um secretário de Segurança
Pública, Wilson Damázio, que defendeu estupradores com o argumento de que as
meninas pobres do Recife, obrigadas a fazer sexo oral com marginais da Polícia
Militar, assim agiam por não resistirem ao charme da farda.
"Quem conhece
Damázio, sabe que ele não tem esses valores", lamentou Eduardo Campos.
Quem achava que
conhecia o governador do PSB, ao que tudo indica, ainda vai ter muito o que
lamentar.
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