quarta-feira, 30 de julho de 2025

COM A PALAVRA- SEM PANICO - POR RENATO DIONÍSIO

SEM PÂNICO...

*Renato Dionísio

*Historiador, Poeta, Compositor e Produtor Cultural

Leio com afinco e cuidado os artigos publicados na imprensa tradicional e pesco, sempre que posso, nos últimos dias, o posicionamento de “autoridades” de todas as gramaturas, publicados ou repostados, nas redes sociais, relativos a possível guerra tarifária, que nos chegou em forma de chantagem e têm origem na sandice do dirigente da maior democracia do mundo, mas, ao que parece, oferece rotunda declaração de que não mais deseja ser o farol da democracia e fiadora da paz e das garantias multilaterais. Estes sinais, reverberados pela malfadada autoridade, oferecem, ainda, atestado de que, àquela autoridade, somente ocupa esta posição pelos descaminhos e desacertos que somente uma democracia permite e aceita.

Se a carta publicada na rede social, agasalha uma descomunal mentira, relativa a quem ganha e perde no comércio entre os dois países, e são os EUA superavitários. Promete, para o futuro, uma punição alfandegária com adoção de alíquotas que encarecem nossos produtos em 50% do valor original. Para este proceder, usa Trump dois argumentos, um claro e sem sentido que é a provável punição, pela justiça brasileira, de Bolsonaro pelos conhecidos crimes praticados contra nossa pátria e, o menos visível que é a ousadia do Brasil, entenda-se Lula, em presidir o Mercosul e participar dos Brics e em destacada posição de comando.

Se pode o infitético tarifaço, ao reduzir nossas importações, acarretar o desequilíbrio de nossa balança comercial e produzir um descontrole cambial com a desvalorização do Real.  O que, grosso modo, significa o recrudescimento da inflação que afetaria o emprego e a renda. Posto que os setores produtivos, podem reduzir ou limitar as linhas de produção, isto nos levaria a conviver com iminente perigo de recessão. Tem, por outro lado, fenomenal função pedagógica de nos obrigar a fazermos um “freio de arrumação” neste país. A crise nos ensinará a fazer diferente e buscar soluções inovadoras. De revermos conceitos. De entendermos a nova geopolítica global. De aumentar nossa estima e respeito a nossos valores.

É fundamental que não somente este filho de cobra d’água com japeçoca, que por razões que a lógica desconhece, governa a mais importante economia do mundo, entenda que somos a mais extensa nação da América do Sul. O 5° País em extensão e a 7° maior população do mundo. Que considere que temos: A maior reserva de água da terra.  A maior reserva florestal do mundo. Maior reserva de metais ferrosos. Maior matriz energética limpa entre todos. E de quebra ainda somos o maior produtor de proteínas do globo. Isto, caro leitor, não é pouco, é bastante para não sermos tratados como uma “república de bananas” e muito para os lacaios, que declamam “o Brasil acima de tudo” e arreia as calças para os Yankees, se o objetivo for ferrar os brasileiros.

Na história muitos povos e nações, por tempos, assumiram o papel que hoje cabe aos americanos, exemplificando: o império egípcio 16600 – 332 a.C. Os Gregos de 331-146 a.C. o Império Romano de 146 a.C-476d.C. O Império Britânico, que foi territorialmente o maior de todos e dominou quase um quarto do planeta. Os ingleses construíram, segundo eles, “O império onde o sol nunca se põe”. Que precedeu, após, sobretudo a segunda grande guerra, os Estados Unidos, nesta liderança. A história, implacavelmente, nos ensina que todos feneceram pela imperícia ou imprudência de seus dirigentes. Penso, neste caso, ser possível enxergar semelhanças.

Engana-se quem acredita que não viveremos sem estes 2% de nosso PIB, exatamente o tamanho de nosso comércio com os Yanques. A população dos EUA representa 4,2% da população mundial e solitária estrela na constelação de 193 nações filiadas à ONU. Tem que ser levado a bom termo. Tem. Entretanto, alternativas não nos faltará. Temos produtos que todos querem, vamos atrás dos compradores. É hora de colocar nossa diplomacia para trabalhar. E hora de unidade entre as forças produtivas e o capital nacional. Vamos mostrar, mundo afora, o tamanho e a importância do Brasil, sem prescindir de nenhum povo, mas respeitando e cobrando respeito a nossa soberania e nossa gente.


Como aceitar? Eu, solenemente pergunto, que parceiro comercial nos imponha escorchantes taxas alfandegárias e tente nos punir por estabelecermos relações comerciais com outras nações, ainda que em posição vantajosa para nossos produtos? Lembrem que a Inglaterra, quando tinha a maior frota naval da terra, proibiu o tráfego negreiro marítimo, só o fez, entretanto, após o fortalecimento da revolução industrial, para impor máquinas e produtos. Todas as nações têm interesses, isto é, legitimo. O que não pode é tentar impor a outros povos a sua vontade.


É em momentos como este que se prova o valor, determinação e coragem dos patriotas e, é este comportamento que será julgado pela implacável história. Sem bravatas e com serenidade, vejamos o exemplo de Caxias que na guerra do Paraguai, em momento de extrema necessidade, proclamou “siga-me os que forem brasileiros”, e vencemos a guerra. O confronto de hoje, mesmo sem fuzil, metralhadora e arcabuz, é mais letal, posto que pode carregar a fome, a desnutrição e o subdesenvolvimento. Os grilhões que a nós se apresentam, são poderosos e querem nos dominar. É hora de lembrarmos o poeta Evaristo da Veiga que no Hino da Independência tascou “brava gente brasileira! Longe vá temor servil, ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil”. Se o conflito cambial for inevitável temos que buscar o que nos legou outro patriota, é hora de “Ousar, lutar, vencer”.



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