terça-feira, 22 de julho de 2025

POESIA - LAPSOS - POR LIDUINA TAVARES

 

LAPSOS


Eu não irei para lá.

Não, ele também não está mais lá.

Quantos Flávios acenam a sua tirinha de papel e não são correspondidos!

A lei diz que é preciso fechar... Não interromper os laços,

Eles humanizam a esquizofrenia.

No caminho que percorro, sempre correndo

Não tem Nilze da Silveira.

A solitária ainda está ocupada, olho pra fora

A natureza plural me chama

De louca.

Não há loucura,

Em mim há utopia: coisa de artista,

De poeta,

Coisa de louco

Eu compro pés de galinhas,

Espero na fila o osso do dia.

Estou alienado, não estou louco,

Convivo com eles do lado de fora.

A solitária ainda está ocupada,

O espaço está fechado,

Os loucos trocaram a farda pelo paletó

Estão nos gabinetes

Não tomam ansiolíticos

Perdem o sono por outros motivos

Foi fechado mais um,

O que faço agora?

Ela insiste infecciosamente em mim.

Trasmissível se te permitires.

A loucura nossa diária

Pode esvaziar a solitária.

Eu tenho certeza, eu não sou louca!

_______ 

Liduina Tavares

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