Assim como o Brasil sorriu
com três feriados prolongados, consecutivos, também chorou com a perda de três dos
seus melhores artistas com diferença de uma semana de um para o outro. Três ícones
da nossa música. O primeiro, o Jerry Adriany, um dos reis da Jovem Guarda, o
segundo o Belchior, um dos reis da estereotipada Música Popular Brasileira e o
terceiro o Almir Guineto, um dos reis do Samba de Raiz. Morrer, a única certeza.
O que coincidiu nesses desaparecimentos,
nem tanto os dias de um para o outro, é que todos tinham 70 anos. Não sei se
esse infortúnio servirá como nova estatística de média de vida dos brasileiros,
mas que deixou muitos artistas setentões assustados, isso deixou.
Conheci todos três, mas vou
falar aqui do Belchior. Conheci o Belchior musicalmente ainda na minha infância.
Sempre estava no Globo de Ouro, programa musical semanal da Rede Globo que na época mostrava
as 10 canções mas tocadas de todo o Brasil. Belchior sempre estava entre as dez mais..
Sempre gostando da música do Belchior, já que
era difícil os LPs, eram caros, eu sempre apelava para as fitas K7. Meu amigo
Assisinho (em memória), comprou um compacto duplo com quatro artistas, um deles
era o Belchior cantando “A Divina Comedia Humana”. Aquela musica me encantou.
Vasculhando os LPs da minha
amiga poetisa Cledy Maciel, encontrei em um disco chamado Veleiros do Sucesso,
o Belcihor cantando “Coração Selvagem”, aí virei fã incondicional do cearense.
Com acesso a poucas canções, certa vez o amigo Abel Carvalho tocou ao violão,
até então não conhecia, “Galos, Noites e Quintais”, fiquei mais fascinado ainda.
Conheci um amigo, Hilton (em
memoria) que trabalhava no Banco do Brasil e vindo do Sul para trabalhar em
Bacabal – era de São Luiz Gonzaga – trouxe na época, a obra completa, aí tive
acesso. Passei a trabalhar em rádio e a cantar nas notes, e o meu repertorio
era recheado de Belchior.
Conheci-o pessoalmente
durante um festival de musica na cidade de Pinheiro, já estava fora da mídia e
fazia shows acompanhado apenas de dois músicos.
Com o seu sumiço, um
problema que só ele sabia, resolvi então lhe prestar uma homenagem. Escolhi a
dedo 20 canções, e comecei a ensaiar com Maninho Quadros, Paulinho Barros, Manu
Lopes e Toni Araújo, era o show “Tudo outra vez – Zé Lopes Canta Belchior”.
Ensaiamos durante um ano e quando nos preparávamos
para fazer a primeira mostra, no da 13 de maio, no aniversario de Marco
Pimentel, fomos surpreendidos com o seu falecimento e o Paulinho Barros que
toca violão e Piano, quebrou o braço.
Adiamos o show para junho. Vai ser legal. Bom que não parece oportunismo.
Voltando ao Jerry Adriany,
ao Belchior, ao Almir Guineto que morreram aos 70 anos, o que me conforta é
que: se Deus está levando os cantores aos 70, pelo menos ainda tenho uns vinte
para cantar, até porque, eu sou apenas um cantor.
“Mas se depois de cantar
Você ainda quiser me atirar
Mate-me logo
A tarde, as três
Que a noite eu tenho um
compromisso
E não posso faltar
Por causa de Vocês”
Nenhum comentário:
Postar um comentário