domingo, 7 de maio de 2017

A MALDIÇÃO DOS 70 ANOS


Assim como o Brasil sorriu com três feriados prolongados, consecutivos, também chorou com a perda de três dos seus melhores artistas com diferença de uma semana de um para o outro. Três ícones da nossa música. O primeiro, o Jerry Adriany, um dos reis da Jovem Guarda, o segundo o Belchior, um dos reis da estereotipada Música Popular Brasileira e o terceiro o Almir Guineto, um dos reis do Samba de Raiz.  Morrer, a única certeza.

O que coincidiu nesses desaparecimentos, nem tanto os dias de um para o outro, é que todos tinham 70 anos. Não sei se esse infortúnio servirá como nova estatística de média de vida dos brasileiros, mas que deixou muitos artistas setentões assustados, isso deixou.

Conheci todos três, mas vou falar aqui do Belchior. Conheci o Belchior musicalmente ainda na minha infância. Sempre estava no Globo de Ouro, programa musical semanal da Rede Globo que na época mostrava as 10 canções mas tocadas de todo o Brasil. Belchior sempre estava entre as dez mais..
Sempre gostando da música do Belchior, já que era difícil os LPs, eram caros, eu sempre apelava para as fitas K7. Meu amigo Assisinho (em memória), comprou um compacto duplo com quatro artistas, um deles era o Belchior cantando “A Divina Comedia Humana”. Aquela musica me encantou.

Vasculhando os LPs da minha amiga poetisa Cledy Maciel, encontrei em um disco chamado Veleiros do Sucesso, o Belcihor cantando “Coração Selvagem”, aí virei fã incondicional do cearense. Com acesso a poucas canções, certa vez o amigo Abel Carvalho tocou ao violão, até então não conhecia, “Galos, Noites e Quintais”, fiquei mais fascinado ainda.

Conheci um amigo, Hilton (em memoria) que trabalhava no Banco do Brasil e vindo do Sul para trabalhar em Bacabal – era de São Luiz Gonzaga – trouxe na época, a obra completa, aí tive acesso. Passei a trabalhar em rádio e a cantar nas notes, e o meu repertorio era recheado de Belchior.

Conheci-o pessoalmente durante um festival de musica na cidade de Pinheiro, já estava fora da mídia e fazia shows acompanhado apenas de dois músicos.

Com o seu sumiço, um problema que só ele sabia, resolvi então lhe prestar uma homenagem. Escolhi a dedo 20 canções, e comecei a ensaiar com Maninho Quadros, Paulinho Barros, Manu Lopes e Toni Araújo, era o show “Tudo outra vez – Zé Lopes Canta Belchior”. Ensaiamos durante um ano e quando nos  preparávamos para fazer a primeira mostra, no da 13 de maio, no aniversario de Marco Pimentel, fomos surpreendidos com o seu falecimento e o Paulinho Barros que toca violão e Piano, quebrou  o braço. Adiamos o show para junho. Vai ser legal. Bom que não parece oportunismo.

Voltando ao Jerry Adriany, ao Belchior, ao Almir Guineto que morreram aos 70 anos, o que me conforta é que: se Deus está levando os cantores aos 70, pelo menos ainda tenho uns vinte para cantar, até porque, eu sou apenas um cantor.

“Mas se depois de cantar

Você ainda quiser me atirar  

Mate-me logo

A tarde, as três

Que a noite eu tenho um compromisso

E não posso faltar

Por causa de Vocês”

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