quarta-feira, 26 de março de 2025

COM A PALAVRA- PRA NAO DIZER QUE NAO FALEI DAS FLORES - PIR JOSE DE RIBAMAR VIANA

 


Ainda com relação aos anos dourados dos desfiles das Escolas de Samba de Bacabal, como dito no popular, para não fugir à regra: “Tudo que é bom, dura pouco.” Há quem diga ainda que determinados acontecimentos devem terminar quando a coisa está boa. A título de ilustração, o encerramento da carreira do rei Pelé, pois ele se despediu como atleta, no auge de sua vida profissional, exatamente para deixar saudades (que é um sentimento que pode simbolizar grandes momentos, e por isso, pode gerar uma sensação que pode alegrar as pessoas; diferentemente de nostalgia, que é um sentimento que pode fazer doer).

O carnaval não é uma simples festa, com dança e alegria; ele é muito mais que isso. Assim, constitui-se como um impulsionador da economia, pois gera empregos temporários, movimentando bares, restaurantes, lanchonetes, armarinhos, lojas de tecidos, hotéis etc. Feita essa pequena digressão, em Bacabal, o sentimento que aflora não é de nostalgia ou melancolia, e sim de uma saudade genuína, em decorrência de tudo que ocorreu, bem como pela forma repentina como tudo acabou. De fato, é para deixar saudades do carnaval. Como diz o saudoso Charlie Brown Jr. na letra da música Só os loucos sabem:

"Quero te ver outra vez

Você deixou saudade...

Agora eu sei

Exatamente o que fazer

Bom recomeçar, poder contar com você

Pois eu me lembro de tudo, irmão

Eu estava lá também..."

Nesse sentido, vale ressaltar que, as escolas, de um modo geral, empreenderam na época dos desfiles os melhores e maiores esforços para se apresentarem na avenida, dando o melhor de si. Pois, além das ajudas governamentais, cada uma, ao seu modo, literalmente dava seus pulos para levantar recursos financeiros para custear as respectivas despesas. Ressalto ainda, que o então Deputado Jura Filho, com recursos próprios, ajudava a Escola Salgueiro do Samba, onde o mesmo desfilava.

E por falar em recursos próprios, nesse particular, duas escolas se destacaram, posto que, a escola Asas do Samba tinha um barracão onde promovia eventos nos finais de semana. Já o Salgueiro do Samba, além de realizar vários eventos, como festas, bingos, etc. Tais realizações, além de suficiente para pôr de forma competitiva a escola no desfile na avenida, ainda sobrou dinheiro para comprar um terreno às margens da BR 316, o qual fica ao lado do atual NIROCO (do outro lado da BR, em frente ao retorno do Centro Cultural). O imóvel foi comprado, pago e transferido legalmente para ser construído o barracão da escola.

E, para não dizer que não falei das flores, no presente caso, também falaremos dos frutos, pois o terreno acima mencionado, que era uma semente de um projeto maior a ser implementado, através da realização de trabalhos na comunidade do Bairro Trizidela, ainda hoje produz frutos, uma vez que o mesmo foi trocado por outro terreno maior, onde hoje funcionam dois campos de futebol, um grande e um pequeno, no bairro Trizidela, e o restante da área em volta do campo era destinada para os moradores do bairro que trabalham com olarias, na confecção de tijolos e telhas, cujas olarias, operaram até recentemente.

Graças aos desfiles das escolas de samba, o Salgueiro do Samba plantou uma semente em um solo fértil, que germinou, e agora os moradores do bairro Trizidela têm mais dois campos de futebol à disposição. Tal fato, segundo a história, nos lembra uma frase da carta de Pero Vaz de Caminha enviada ao rei Dom Manuel de Portugal em 1500: "Em se plantando, tudo dá". A referida frase foi usada para relatar a fertilidade da terra brasileira, por ocasião da descoberta do país.

Por fim, segundo uma citação bíblica: "Há um momento certo para tudo, um tempo para cada atividade debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de colher". Eclesiastes 3:1. No caso específico, é hora de plantar!


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José de Ribamar Viana é Advogado.

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