domingo, 23 de março de 2025

PONTO DE VISTA - MEUS 80 ANOS - POR JAMIR LIMA

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Por Jamir Lima

Hoje completo 80 anos. Tempo pra caramba, de estourar a boca do balão 

Nasci na Barra Grande, divisa com Pocona, Três Barras e São Lourenço de Baixo. Bicuíba faz parte da Grande Barra Grande!!!

Sou do tempo em que mulher somente usava vestidão e calça comprida. O surgimento da minissaia foi uma revolução.

Na Barra Grande tínhamos na fazenda moinho d’água, alambique, onde faziam rapadura, moía o milho fazendo fubá e fabricava cachaça. A fazenda era rodeada de canavial, roças de milho, feijão, mandioca, bananeiras e arrozal. A gente brincava muitas vezes procurando ninhos de galinha nos canaviais, bananeiras e roças. Cada ninhada!!!

Luz era gerada por um gerador somente a noite, ou então luz de lamparina.

Ali por volta havia somente um rádio, o lá de casa, o pessoal ia pra lá ouvir os programas noturnos de sábado, o “balança mas não cai”, Alvarenga e Ranchinho e Aquarela Sertaneja. Televisão não existia nem em sonho.

Fui pra Bicuíba com 5 anos. A gente fazia as quatro séries primárias, mas o diploma do primário era com prova oral lá em Vermelho Novo.

O ginásio fiz até a 7• série em Manhuaçu e a 8. Série em  Raul Soares. Eu era destaque, as melhores notas, ganhei até fama.

Naquele tempo, o máximo que os pais davam para os filhos era o curso de contabilidade, o segundo grau. Alguns queriam mais e mandavam tentar medicina. Um ou outro conseguia. Alguns, veterinária.

Eu queria algo mais, mas perdi o pai com 19 anos, isto atrapalhou muito. Mas batalhei.

Neste meio tempo fui professor em Bicuíba, em Raul Soares, Sabará, Venda Nova e São Geraldo em BH e Urucania, na época que trabalhei por 4 anos na Usina Jatiboca.

Fui até o quarto período de veterinária na UFMG, quando passei no concurso do BB, que mudou meu rumo.

Meu sonho seria ser médico, mas não consegui, mas não me arrependo de minhas conquistas conseguidas.

Os pais, naquela época, não tinha oportunidades, somente a roça era a opção. Praticamente tinham leitura, muitos eram analfabetos. E eram de ter muitos filhos.

Meu pai, 2 casamentos, 16 filhos; minha mãe 2, mas “somente” 10 no primeiro casamento, sou o mais velho destes 10, graças a Deus todos vivos.

E naquele cabia a mãe praticamente cuidar dos filhos sozinha. Era uma batalha!

Mamāe era vigilante e dava o corretivo conforme a ocasião e o merecimento.

Então, hoje tô aqui oitentão, com algumas escoriações e cicatrizes.

Cheio de prioridades, vou descer uma escada, carregar uma mala, todo mundo quer ajudar, mas nem sempre cedem seu lugar de direito.

Ainda não preciso de bengala nem de cuidador, mas não escapei das cataratas já corrigidas.

Não ainda surdo, mas se falar de longe não consigo decifrar.

Cabelos brancos 👩‍🦳 inevitáveis, careca predominante, mas sem rugas sem fazer procedimento.

Pra ouvir uma música ou ver televisão só com som alto nas alturas.

Se sentar, dorme! A próstata faz ir no banheiro várias vezes, e o remedio é beber bastante água 

Assim é a vidinha de um oitenta ponto zero

E é assim também a minha história neste 11 de março

2 comentários:

  1. Meu mestre; emocionante, como nossas histórias se entrelaçam... diferença que Meu se foi quando eu tinha 33 e você 19.... no resto temos muitas "coincidência".... tão saudáveis todas e acima de tudo você é um ser humano maravilhoso, que amo e respeito, e, por quem, tenho enorme e verdadeiro respeito.... de novo: meu fraternal abraço MEU MESTRE!...Parabéns pelo belo texto

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  2. Esse ANÔNIMO SOU EU: VERISSIMO

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