Por José
Sarney
Leio que
médicos e rodoviários têm greve marcada, a começar segunda-feira. O Sindicato
dos Médicos e o Conselho Regional de Medicina, presidido pelo operoso dr. Abdon
Murad, dizem que a motivação é o atraso dos salários.
Até hoje
mantenho o recorde de enfrentamento de greve: mais de doze mil. Nenhuma por
atraso de salários. Estabeleci também a maneira de tratá-las: nunca por
enfrentamento, sempre por negociação. A greve é um direito assegurado ao
trabalhador para forçar o reconhecimento de outro direito.
Quando
assumi a Presidência minha principal missão era a transição, fazer voltar a
democracia.
Com 4
dias de governo, em 1985, reabilitei a vida sindical, com uma anistia ampla,
fazendo voltar aos cargos de que estavam afastados os dirigentes sindicais. Em
seguida decretei o fim da censura.
Legalizei
as Centrais Sindicais. Estabeleci a antiga e grande aspiração dos
trabalhadores: o salário-desemprego, que desde então — e até hoje — socorre os
desempregados em seus momentos mais difíceis. Criei o Vale-Transporte, que paga
o deslocamento dos trabalhadores, e o Vale-Alimentação.
Para
assegurar a efetividade da Justiça do Trabalho, criamos 340 novas Juntas de
Conciliação e Julgamento. Demos o adicional de periculosidade aos
eletricitários. Também poucos dias depois da posse aumentamos (Decreto
91.213/85) o salário mínimo em 112%.
Fizemos,
com ousadia e coragem, o Plano Cruzado, rompendo com a velha fórmula de
combater a inflação pela recessão. O congelamento de preços criou os “fiscais
do Sarney”, e nasceram daí os direitos do consumidor e o exercício efetivo da
cidadania. Foi a maior distribuição de renda da História do Brasil. Os que
viveram aquele tempo e ainda estão vivos são testemunhas da felicidade do povo brasileiro
e de como sua vida prosperou.
Vivemos o
pleno emprego, com toda a indústria utilizando sua parte ociosa e obtivemos a
menor taxa de desemprego em todos os tempos. A média do desemprego no meu
governo foi de 3,86% e em dezembro de 1989, meu último ano, ele foi de 2,36%. O
trabalhador escolhia onde trabalhar e, assim, consolidaram-se as lideranças
sindicais, que a partir daí tiveram vez e voz nas decisões nacionais.
Também,
para completar nossa política trabalhista, assinamos muitas Convenções na Organização
Internacional do Trabalho que estabeleciam conquistas para a dignidade do
trabalhador.
Sempre
tive uma grande preocupação pelos direitos sociais. Quando fundamos a Bossa
Nova da UDN, em 1959, o manifesto, redigido por mim, tinha como objetivo apoiar
a política desenvolvimentista do Juscelino, MAS COM JUSTIÇA SOCIAL.
Vamos
torcer para que cada vez mais se desenvolva a proteção aos direitos do
trabalhador e à dignidade do trabalho.
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