A tua poesia é uma dor sem fim.
A tua poesia sangra como um sudário sem dono.
O meu amor esparge o fel do sofrimento.
O meu amor por ti trespassa meu sonho timorense.
A tua ausência é um crucifixo sem história
Sem corpo, sem chaga, sem véu.
A tua saudade me aniquila em alma, luz, escuridão.
A tua lembrança me corrompe, constrange meus desejos,
Desenfreia, arde como o canto da lira que eu nunca ouvi.
A minha dor...
A minha dor dói cálida e perene,
Não seca, comprime, cega, estremece,
Emudece a minha insônia sem fim.
A minha dor...
A minha dor cresce, não estanca,
Desanca como um Céu em tornado,
Como o mar em turbilhões,
Como um coração parado, seco, separado,
Entregue as mãos de quem não quis.
A tua poesia e a minha dor caminham juntas, a passos largos,
Em tragos, disseminações e reminiscências.
Em essência fogem de si mesmas, se conhecem, não se amam,
Se odeiam como dois tolos enamorados sem destino,
Se fecham, se calam, se martirizam para sempre.
A minha dor é o teu poema,
E sangra.
Abel Carvalho
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