O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a aplicação da terceira dose para reforçar a imunização contra a Covid-19 deve começar por profissionais de saúde e idosos.
"A gente vai começar por grupos prioritários. De novo, profissionais de saúde, os mais idosos", disse Queiroga à imprensa.
A ideia é reforçar a imunização diante do avanço de variantes do vírus, como a delta. "Estamos planejando aqui, para que no momento em que tivermos todos os dados científicos, número de doses suficientes, já orientar o reforço dessa vacina, isso em relação a todos os imunizantes disponíveis", afirmou o ministro.
Queiroga anunciou que a pasta encomendou estudo para avaliar a necessidade de dose de reforço para pessoas que receberam a Coronavac. Ele disse nesta quarta-feira que a pasta mirou o imunizante desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac e produzido no Brasil pelo Butantan porque já há estudos sobre a terceira aplicação para outros imunizantes.
"Ainda não há evidência científica sólida de como deve ser. Se deve ser o mesmo imunizante, outro, e qual o momento de fazer isso", afirmou o ministro.
Especialistas dizem que o sintoma mais comum da variante delta são as dores de cabeça. Em seguida, dor de garganta, coriza e febre. Alguns sintomas da versão original do coronavírus são menos comuns nesta variante.
Com a delta, não há tantas ocorrências de tosse ou de perda de paladar e olfato. Especialistas dizem que os sintomas são muito parecidos com os de um resfriado comum
"Pessoas com duas doses podem adoecer, inclusive em formas graves, mas se compararmos os que se vacinaram com duas doses e aqueles que não receberam a vacina, o benefício da imunização é incontestes", declarou Queiroga.
Especialistas divergem sobre aplicar uma dose de reforço em pessoas já imunizadas ou então focar quem ainda não recebeu a vacina.
Um estudo liderado por Julio Croda, infectologista, pesquisador da Fiocruz e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), apontou, com base em dados do mundo real, uma eficácia menor da Coronavac, principalmente entre maiores de 80 anos, o que acaba sendo mais um ponto a se pesar na necessidade de um reforço vacinal.
Um estudo do Reino Unido indicou que os níveis de anticorpos contra a Covid começam a cair algumas semanas após a 2ª dose. Isso não necessariamente significa que a barreira vacinal não esteja ativa, já que o nosso corpo tem outras formas de garantir proteção imune, como pelas células T.
Especialistas afirmam, no entanto, que crianças e adolescentes, apesar de proporcionalmente serem menos afetados em gravidade, também participam da circulação do Sars-CoV-2. Logo, para ajudar a frear a disseminação do vírus, é relevante que essas faixas etárias sejam vacinadas, o que ajuda a atingir os patamares necessários para a imunidade
O ministro voltou a afirmar que a pasta deve decidir em setembro se reduz o intervalo entre as doses da Pfizer de cerca de 3 meses para 21 dias, como orienta a bula do imunizante. Neste mês o governo espera ter distribuído doses suficientes para a primeira aplicação em adultos.
O secretário-executivo da Saúde, Rodrigo Cruz, apresentou projeção interna da pasta sobre o ritmo de imunização. Em cenário com redução do intervalo entre as doses da Pfizer e aplicação de cerca de 2,4 milhões de vacinas por dia, a perspectiva é praticamente completar a imunização de adultos com duas doses no fim de outubro.
Queiroga voltou a rebater críticas do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sobre mudança na fórmula de entrega de vacinas.
Doria vem travando uma disputa com o governo federal, afirmando que passou a receber menos doses.
O ministro repetiu que não há injustiças e que São Paulo havia recebido proporcionalmente mais doses que outros estados, por apresentar um número maior de pessoas em grupos prioritários.
Antes, a entrega era baseada no volume de pessoas em grupos prioritários em cada estado. Desde o fim de julho, novo acordo prevê que a distribuição de novas doses ocorra por apenas faixa etária e que haja compensações por doses extras recebidas por alguns estados —como em envio de doses por ações judiciais ou para grupos extras, como população de fronteira.
Por Dr. Otávio Pinho Filho
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