terça-feira, 24 de novembro de 2015

O CÚMULO DA INTIMIDADE


Faz algum tempo que não escrevo e por isso mesmo nada tenho publicado aqui neste espaço, onde desde 1990 custumo fazer ecoar minhas ideias, sejam elas resultantes de minhas reflexões literárias, políticas, filosóficas ou que tais.
Não tenho conseguido arrumar minhas ideias com a devida clareza, me falta um discurso mais alinhado. Neste caso, o alinho que falta é em meu texto, e isso se deve ao fato de que minha mente tem sido campo de batalha para uma luta incansável de meu intelecto com minha capacidade de traduzir em discurso ou texto, tudo o que há de potencial nele.
Tenho pensado muito e tido pouca capacidade de transformar esses pensamentos, essas ideias e suas reflexões em comunicação. É que esses têm sido tempos difíceis! Olhe que têm mesmo, pois para me deixar sem palavras só sendo tempos realmente difíceis.
Ando muito decepcionado com pessoas que imaginava serem criaturas superiores, mas que acabo descobrindo que não são, no entanto já deveria estar acostumado, esse é o movimento natural das marés humanas. E ainda há quem culpe a lua!
Como não tenho tido capacidade de traduzir o que há dentro de mim vou lançar mão da ideia inicial de outra pessoa para desenvolver o meu texto de hoje. Faço isso ao comentar com vocês um assunto que me foi chamada atenção pelo meu irmão Nagib, num dos almoços de domingo na casa de dona Clarice, minha mãe.
Trata-se do fato de algumas pessoas não atenderem ao chamado dos telefones, ou quando fazem isso, o fazem somente depois dos pobres miseráveis assessórios eletrônicos terem ficados roucos de chamarem.
A távola dominical de minha mãe, como imagino que sejam as de todas as famílias, menos que sustentáculo de pratos saborosos, é aparato de muitas e deliciosas conversas familiares, que acabam por se transformar em corte epstemológico de nosso tecido social. Naquela sala, tenho certeza se retratam todas as salas de todas as famílias de nossa terra, sem separação de condição social ou financeira.
Como resultado das conversas daquele domingo, ficam aqui três frases para seu deleite e sua análise, uma vez que o novo padrão de tamanho de texto deste jornal me impede de fazer uma análise mais aprofundada sobre o tema.
1 – Nos dias atuais, a maior demonstração de intimidade que pode haver entre as pessoas, graças às novas mídias e tecnologias, é falar com alguém ao telefone.
2 – Whatsapp, Instagram, Faceboock, Twitter, Snapchat … Tudo isso só distancia mais as pessoas, as tornam mais superficiais, telegráficas. Aparentemente as pessoas se comunicam mais, porém na verdade comunicação vai além do que hoje acontece.
3 – Quem usa muito as redes sociais fica mais conhecido, porém muito mais distante, muito menos íntimo das pessoas. A proliferação de suas opiniões na rede, de suas caras nas fotos de seus posts, de forma alguma substituem a convivência pessoal, o aperto de mão, o abraço fraterno…

Tenho certeza de que com essas três frases vocês poderão fazer o almoço deste domingo ser pano de fundo para um bom debate e uma maravilhosa convivência em família.

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