QUANDO TDO É IMPORTANTE
NONATO BUZAR
Estava distraído, deitado, ouvindo meu radinho de
pilha na Mirante, quando ouvi meio de passagem uma entrevista do Nonato Buzar,
compositor maranhense, nascido em Itapecuru, já falecido (ano passado). O
programa era tipo "túnel do tempo", onde o entrevistado rememora seu
passado e conta como chegou ao sucesso e como foi lidar com a fama e o
dinheiro. Na entrevista, prejudicada pelo som não muito nítido e com
interferência de som de fundo, ele conta que foi para o Rio de Janeiro com
a cara e a coragem, mas jamais pensando em ser músico, sua "praia"
era outra: corretor de imóveis. Diz ele que não conseguia ficar parado, não era
de ficar quieto, sentado, atrás de uma mesa, seu "negócio" era estar
em movimento, nunca parado, e trabalhar como corretor lhe dava este prazer,
além de, na época, ganhar um bom dinheiro. Como gostava de "dedilhar"
um violão, sempre alguém ouvia seus improvisos e, numa dessas, foi descoberto
pelo Carlos Imperial. É que, antes, ele tinha feito sua primeira composição em
homenagem ao seu carro conversível. Interessado, Carlos Imperial lhe disse que
iria fazer uma pequena modificação na melodia e na letra, e fazendo pouco da
música, pediu ao Imperial Cr$100 (isto mesmo cem cruzeiros) e podia ficar com
ela. Carlos Imperial fez aquela modificada, e surgiu o "Carango", o
maior sucesso de então, na voz de Wilson Simonal. Generoso, Carlos Imperial
"convocou" Nonato e lhe deu a parte que lhe cabia, de verdade, no
sucesso. Para resumir, a narrativa de Nonato Buzar se estende pelas trilhas de
aberturas de novelas de sua autoria: Verão Vermelho, Irmãos Coragem e outras,
demonstrando toda a sua genialidade e sua contratação pela Globo depois que
retornou da Europa. Ele descreve sua passagem pela Europa, em especial na
França onde fixou residência por uns tempos, onde fez bastante sucesso. É bom
destacar que foi ideia sua a criação de uma gravadora pela Globo, a Som Livre,
dada a quantidade de trilhas sonoras que a Globo exigia com o advento das
novelas. Aquela batida genial, aquele ritmo gostoso e balanceado, marcou época,
poderia ter tido uma marca para a vida toda como aconteceu com a "Bossa
Nova" e a "Tropicália". Deram um nome jocoso ao movimento,
"Pilantragem", que acabou soando como pejorativo, não como um
movimento musical. Uma pena aquelas músicas tão diferentes não terem ficado no
imaginário popular com uma referência que fizesse remontar e reviver um momento
musical dos mais marcantes. Fica, aqui, embora tardia, uma homenagem ao
maranhense, o genial criador daquele balanço genial.
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