segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PALAVRA 'MENTIRA' SOME DE DEBATE ENTRE AÉCIO E DILMA



Depois das ofensas e comentários agressivos que dominaram os primeiros debates entre presidenciáveis neste segundo turno, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) recuaram.
A estratégia de confronto dos encontros anteriores foi substituída pelos eufemismos no debate transmitido pela rede Record na noite deste domingo. Esta foi a terceira vez em que os candidatos ficaram frente a frente na etapa final das eleições, que termina no domingo, dia 27.
 
No lugar de termos como "mentiroso", "mentirosa", "incompetente" ou "manipulador", Dilma e Aécio optaram por sutilezas como "o senhor é muito pessimista" (da petista, sobre crescimento econômico), "me preocupam números pouco confiáveis" (do tucano, sobre avanços sociais), "vamos com calma, candidato" (de Dilma, sobre inflação) e "lamento que não tenha feito" (de Aécio, sobre segurança).
 
O ex-governador de Minas Gerais chegou a agradecer "a qualidade da primeira pergunta de Dilma", sobre políticas para micro e pequenas empresas.
Ela, por sua vez, não concentrou seu discurso em polêmicas envolvendo o PSDB e frisou: "vou falar sobre propostas, acho que o povo quer falar sobre propostas".
 
Nas redes sociais, a mudança de tom foi percebida rapidamente. "Começou calmo", diziam os internautas, que se questionavam: "Até quando vai durar a calmaria?".
 

'Baixaria'

 

A onda de ofensas ganhou corpo no debate exibido pela TV Bandeirantes, na última terça-feira. Nele, foi bastante comum ouvir frases como "a senhora está mentindo" ou "fale a verdade, candidato".
 
Aécio chegou a pedir a Dilma que "elevasse o nível do debate" e parasse de "reproduzir mentiras". A petista, por sua vez, insinuou que o adversário estaria fazendo "fabulações" em suas respostas.
 
"A senhora está sendo leviana", disse o tucano. "Não falar a verdade se tornou uma tônica da sua campanha desde o primeiro turno", voltou a cutucar.
Dilma também atacou supostas "mentiras" de Aécio. "Chegamos à fabulação, ao perigoso terreno da lenda", disse. "Quem faz ataques é o senhor. Vocês distorcem", rebateu.
 
A agressividade dos dois candidatos na TV se refletiu nas redes sociais, com mais de 500 associações entre o embate e uma luta de MMA do UFC.
O segundo debate, exibido na quinta-feira pelo SBT, foi ainda mais agressivo. "Por que a senhora mente tanto?", questionava Aécio. "Quem mente é você", devolvia Dilma.
 
A atual presidente falou que o tucano "manipula palavras" e o chamou de "mal informado". Do outro lado, Aécio retrucava também com ataques - "Não me meça com a sua régua", ele disse. "Seja correta, seja séria. A senhora está fazendo uma campanha baixa", acusou o tucano.
No encontro, os dois mantiveram ataques e trouxeram poucas propostas à discussão – o que repercutiu ainda de forma ainda mais negativa nas redes sociais.
 
O discurso do voto nulo em protesto à ausência de proposições se fortaleceu na internet, levando Aécio e Dilma a um encontro mais cordial neste domingo.

'Chato'

 

Apesar das críticas à agressividade dos candidatos, boa parte da audiência nas redes sociais não se deu por satisfeita após o debate da rede Record.
Anônimos e formadores de opinião criticaram o formato do encontro, pautado apenas pelo diálogo entre os candidatos - sem perguntas e intervenções de terceiros.
 
Para eles, a ausência de especialistas evitaria que os candidatos fossem igualmente confrontados por temas desconfortáveis.
 
"Os debates no Brasil precisam desesperadamente de alguém - qualquer um - fazendo as perguntas, além dos candidatos, para que possam ser confrontados", disse o jornalista Bradley Brooks, editor da agência Associated Press no Brasil.
 
"Pergunta sobre Enem, resposta sobre creche... Isso é debate sem direito a mediação", tuitou o jornalista Maurício Stycer.
Segundo Vera Magalhães, editora da Folha de S.Paulo, "até as perguntas são as mesmas do debate anterior. Se deixassem os jornalistas trabalharem, seria mais variado".
 
A palavra "chato" foi comum entre a audiência para qualificar o encontro.
"Um debate que começa discutindo o Simples Nacional tem tudo pra ficar marcado como o mais chato da história", escreveu a internauta Leonor Macedo, pelo Twitter.
 
"Debate educado é chato né?", afirmou o usuário Professor Madeira, pela mesma rede social.
 
Nas palavras de Carolina Mendes, o debate estava "tão chato que para (se tornar) novela do Manoel Carlos faltaria só uma Helena".

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