O
resultado das pesquisas do Ibope e do Datafolha, divulgados ontem, quarta-feira,
foi recebido com desconfiança pela campanha tucana e com alívio pelos petistas.
Aliados de Aécio acreditam que os apoios declarados nos últimos dias, de Marina
Silva e da família do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, falecido em
agosto, ainda não tiveram efeito sobre as intenções de voto dos eleitores. Já
os petistas comemoram que os fatos positivos para Aécio não tenham repercutido
nos levantamentos.
Integrante da
campanha de Aécio, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) diz acreditar que a
mais recente pesquisa não teria captado ainda os efeitos do apoio de Marina e
da família do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, declarados no último
fim de semana. O deputado diz que o PT está usando uma estratégia agressiva
porque está “desesperado” e que, mesmo assim, Aécio se mantém estável nas
pesquisas. Duarte lembra, porém, que é preciso usar “sandálias da humildade” e
evitar euforia de vitória antecipada.
— As pesquisas não
captam o ato reflexivo do eleitor na reta final. A pesquisa que antecedeu a
eleição mostrou isso claramente. Aécio vai crescer muito mais porque tem a seu
lado o eleitor indignado com a corrupção, a inflação, o país que não cresce —
afirmou.
O presidente do PSDB
de Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, afirma que, apesar da campanha de
“vale-tudo” que acusa do PT de estar fazendo, Aécio irá subir nos próximos
levantamentos, e destaca que a campanha tucana continuará investindo em temas
para polarizar contra o PT, como mudança na forma de fazer política, situação
da economia, corrupção, em particular na Petrobras, gestão e liderança para
executar reformas necessárias.
— Acho que os
institutos estão com uma postura conservadora de não apostar em viés de
decisão, mas temos notícia de uma situação mais favorável para o Aécio. Tivemos
uma semana ainda não totalmente drenada pela sociedade, com o anúncio de apoio
de Marina e da família Campos, o PSB, que ainda vai produzir um efeito grande.
E teve uma pancadaria do PT em cima do Aécio, uma campanha extremamente
radical, raivosa, mostra que eles sabem que estão muito atrás — pontuou
Pestana.
DILMA NÃO FALOU TUDO
AINDA, DIZ O DEPUTADO PETISTA VICENTINHO
O líder do PT na
Câmara, deputado Vicentinho (SP), afirmou que o resultado da pesquisa traz
alívio para os petistas, que tinham uma expectativa de que os recentes anúncios
de apoio a Aécio tivessem uma repercussão já neste levantamento. O deputado dá
o tom de que o PT deverá continuar partindo para o ataque contra o tucano.
— Essa eleição vai se
definindo a cada momento, a recomendação à militância é trabalhar até o último
minuto a eleição da Dilma. Os dados trazem um alívio, pelo que se ouvia dizer
por aí parecia que Aécio estava com 70, e Dilma com 30. Se está empatado, então
é bom. Mostra que tem gente do PSB e da Marina se dividindo. Aécio está usando
a mesma postura da Marina, tentando se colocar como vítima, e isso é ruim para
ele. O povo não é bobo, o que a presidente Dilma fala tem comprovação,
documentos, e o debate serve para isso. E ela não falou tudo ainda! — ameaça o
petista.
O senador Humberto
Costa, líder do PT no Senado, também comemorou o resultado. Para Costa, o
acúmulo de fatos positivos ocorridos nos últimos dias para Aécio, com o anúncio
de apoios e os fatos negativos para Dilma, com mais denúncias de corrupção na
Petrobras poderiam ter produzido uma vantagem para o tucano, o que acabou não
ocorrendo neste último levantamento.
— Achei excelente o
resultado, pode até ser estranho, mas ao longo da última semana Aécio só
acumulou fatos positivos e nós alguns negativos. Tudo que aconteceu semana
passada foi favorável a ele. E mais, a rejeição dele cresceu e acho que depois
do debate de ontem a tendência é a gente abrir vantagem — defende Costa.
Dilma, que aproveitou
o Dia dos Professores para saudar a categoria, também reiterou os dados negativos
sobre o governo de Minas, comandado por Aécio por dois mandatos, ditos no
debate da véspera na TV Bandeirantes e questionados pelo adversário.
"Eu posso
receber todas as criticas, durante muito tempo, escutar barbaridades e ter que
achar que isso faz parte da democracia... O candidato, de fato, não está
acostumado a ouvir críticas, como vocês mesmo divulgam, que ele foi blindado no
governo dele em Minas", disse a presidente em referência a denúncias de
que Aécio controlaria a imprensa mineira quando governador.
"Os números que
demos (no debate) são verdadeiros... Falar que tudo é mentira é uma forma de se
furtar ao debate", disparou.
Ela voltou a dizer
que, quando governador, Aécio não cumpriu os investimentos mínimos em saúde e
educação previstos pela Constituição, reiterou que os indicadores de
criminalidade do Estado pioraram no governo tucano e voltou a falar das
denúncias de irregularidades na construção de um aeroporto na cidade de
Claudio, que teria beneficiado sua família.
"Todos os dados
que eu falei são comprovados. O dado deles não terem cumprido o mínimo
obrigatório por lei para educação e saúde está no site do Tribunal de Contas do
Estado e eles foram obrigados a assinar um termo de ajustamento de gestão que
eles deviam 8 bilhões de reais, em saúde era 5,7 bilhões", disse Dilma.
"As informações
relativas ao aeroporto de Cláudio, não inventei, isso está nos jornais e a
questão relativa ao crescimento da taxa de homicídios... está no Mapa da
Violência", comentou.
No debate de terça,
Aécio acusou Dilma de mentir por várias vezes. Ele chegou a chamar a presidente
de leviana quando ela o questionou sobre denúncias de irregularidades na
construção do aeroporto em Claudio.
Nesta quarta, a
campanha tucana divulgou nota de esclarecimento do Tribunal de Contas do Estado
de Minas Gerais em que o órgão afirma que as contas do período que Aécio
comandou o governo local, entre 2003 e 2010, foram aprovadas por unanimidade e
que o governo cumpriu os mínimos constitucionais para saúde e educação no
período.
Em outra nota divulgada no site do
TCE, mas não pela campanha tucana, o tribunal mineiro informa também que, por
conta de uma alteração na lei que determina o que pode ser considerado gasto em
saúde, foi feito um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) para as contas de
2012, quando o governador era Antonio Anastasia (PSDB), afilhado político de
Aécio que o sucedeu no governo mineiro.
EMPREGO E PROFESSORES
Além das críticas ao
seu adversário, Dilma comemorou a geração de 123.785 empregos em setembro,
apesar de os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta quarta-feira representarem o pior
mês de setembro em 13 anos.
"Gerar isso em
uma das maiores crises do mundo e que volta a apertar, mostra como a nossa
situação é diferenciada. A Alemanha, a maior economia da União Europeia,
sofrendo recessão, perda de empregos", disse Dilma.
A presidente destacou
uma reunião de abril passado do G20 que apontou a existência de 100 milhões de
desempregados nas principais economias do mundo.
"Conseguimos,
desde 2008 até agora, chegamos a 12 milhões de empregos, só contando o meu
governo chegamos a 5,784 milhões de empregos formais."
A candidata
cumprimentou os professores pelo seu dia e voltou a falar das realizações de
seu governo na educação, como a aprovação de uma lei que destina os royalties
da exploração do petróleo na camada pré-sal para a educação.
"O Brasil tem
que valorizar mais os professores. A minha proposta de governo coloca a
educação no centro de tudo para garantir que a desigualdade social
diminua", disse.
"Hoje no Brasil
faltam professores e temos que mudar essa realidade. Demos um passo imenso com
a lei que destina 75 por cento dos royalties do petróleo e 50 por cento do
fundo social para educação, transformando uma riqueza finita numa riqueza
permanente", acrescentou
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